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A relação entre os cristãos e os muçulmanos

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A relação entre muçulmanos e cristãos ultrapassa a lógica da rivalidade.
A relação entre muçulmanos e cristãos ultrapassa a lógica da rivalidade.

Atualmente, vários meios de comunicação veiculam episódios que atestam o confronto entre os povos do Oriente e do Ocidente. De fato, analisando sob o ponto de vista histórico, podemos notar que estas duas regiões do planeta foram marcadas por experiências distintas. Contudo, seria possível afirmar que a diferença e o conflito simplesmente resumem a relação entre estes dois lados do planeta?

Para debater esse assunto em sala de aula, recomendamos que o professor faça uma breve explicação sobre os motivos que levaram à organização do movimento cruzadista. Com o levantamento dos aspectos mais gerais, os alunos perceberão que a Europa Cristã pretendia retomar o controle sob a região de Jerusalém, um dos mais importantes lugares sagrados do cristianismo. Além disso, os dirigentes da Igreja almejavam interromper o avanço do islamismo pelo mundo.

Após apontar tais fatores, o professor deve perguntar se essa ideia de oposição entre os mundos oriental e ocidental seria pertinente. Após escutar a opinião de alguns colegas, destaque as mais importantes consequências trazidas pelo movimento cruzadista. Entre esses fatores, privilegie o fato das incursões militares cristãs abrirem caminho para a conquista de novas rotas comerciais que aqueceriam o comércio europeu. Levantado este ponto, questione com quem essa atividade comercial era realizada.

Para responder a essa questão, ofereça à turma a exposição de um documento do século XII redigido pelo viajante e geógrafo Ibn Jobair. Segundo o relato por ele apresentado:

“Os cristãos fazem os muçulmanos pagar uma taxa que é aplicada sem abusos. Os comerciantes cristãos, por sua vez, pagam direitos sobre suas mercadorias quando atravessam o território dos muçulmanos. O entendimento entre eles é perfeito e a equidade é respeitada.” – Ibn Jobair, em visita a Damasco, Síria, 1184.

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Por meio dessa descrição, o professor tem meios suficientes para revelar que o movimento cruzadista acabou servindo para que Ocidente e Oriente, aqui respectivamente representados por “cristãos” e “muçulmanos”, se aproximassem. Com isso, o aluno acaba vendo que determinadas ações históricas se desdobram de uma forma nem sempre lógica.

Seguindo essa perspectiva de aproximação, o professor ainda pode trabalhar com as influências do mundo árabe e oriental no desenvolvimento do saber renascentista e das Grandes Navegações. Por meio desses ricos indícios fica fácil desconstruir essa imagem generalizante que sugere uma oposição absoluta entre essas duas culturas. De fato, o contato entre esses dois mundos é muito mais amplo e complexo que a simples determinação de uma “rivalidade histórica”.

 

Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola