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A legitimação do poder durante a Ditadura Militar

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A ditadura não impôs um regime por duas décadas pelo simples uso da força.
A ditadura não impôs um regime por duas décadas pelo simples uso da força.

Ao estudar o período da Ditadura Militar, muitos alunos têm a impressão errônea de que os militares tinham total e absoluto controle sobre a população brasileira. Muitas vezes, esse tipo de conclusão precipitada surge em meio às diversas narrativas e imagens que descrevem a atuação dos militares durante esse período. No entanto, a relação entre o Estado e a sociedade nesse período pode ser repensada de maneira a demonstrar um outro lado dessa relação.

Primeiramente, o professor pode discutir junto aos alunos se seria possível criar alguma forma de governo que, por meio da força e da violência, pudesse controlar todos os indivíduos de um Estado ou nação. Depois de lançar essa questão aos alunos, o professor pode oferecer um breve texto onde diferentes formas de resistência são discutidas nos mais diversos regimes de caráter autoritário.

Entre outros casos, pode-se fazer menção sobre a resistência dos judeus contra a dominação dos romanos na Antigüidade, as revoltas que marcaram o processo de colonização americana ou os conflitos assinalados durante o imperialismo do século XIX. Elencando estes ou outros exemplos históricos, o professor demonstra que é impossível algum tipo de governo ou regime ter dominação completa.

Depois disso, destaque que mesmo dentro desses casos historicamente demonstrados os governos opressores buscam maneiras para que a população dominada reconheça e legitime o poder instituído. Com isso, os alunos teriam condições de notar que as relações políticas são marcadas por um jogo simbólico onde a relação entre “dominantes” e “dominados” não se encerra em imposições simplesmente colocadas “de cima para baixo”.

A partir disso, o professor relata como o período do governo Médici (1969 – 1974) foi conhecido como um dos mais rigorosos períodos do regime militar. No entanto, demonstrando a visão de que o governo opressor não se vale apenas da força, ofereça documentos e imagens que possam ser analisadas pelos alunos. Reservando algum tempo para que a sala observe as fontes históricas trabalhadas, peça para que cada um deles produza um texto opinativo sobre um dos três documentos abaixo:

a) Foto do presidente Médici comemorando a tricampeonato de futebol conquistado em 1970.

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b) Um popular adesivo vendido durante o regime militar

c) A canção “Pra Frente, Brasil” de Miguel Gustavo:

Noventa milhões em ação,
Pra frente Brasil,
Do meu coração...
Todos juntos vamos,
Pra frente Brasil,
Salve a Seleção!

De repente
É aquela corrente pra frente,
Parece que todo o Brasil deu a mão...
Todos ligados na mesma emoção...
Tudo é um só coração!

Todos juntos vamos,
Pra frente Brasil!
Brasil!
Salve a Seleção!!!


Oferecendo esses três tipos de documento à turma, o professor pode convidar alguns alunos a relatarem suas análises próprias. Depois de mostrarem o resultado de sua produção, uma discussão final visando compreender como tais documentos representavam o país na época pode ser realizada. Nesse momento, é importante destacar a perspectiva positiva que estes documentos passavam em uma época considerada opressiva e conturbada.

Como sugestão final da atividade, o professor pode exibir o filme “O Ano Que Meus Pais Saíram de Férias”, de Cao Hamburguer, onde temos a representação da perspectiva de uma criança sobre o período. Dessa maneira, o período ditatorial pode ser contemplando de forma mais ampla, fugindo da simples opressão costumeiramente assinalada em alguns livros didáticos.

Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola