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Coronelismo e a liberdade política

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Nas primeiras décadas da República, a opinião política esteve vinculada ao interesse das elites.

Quando hoje falamos sobre política, devemos perceber que a relação do sujeito para com as várias tendências contidas em um cenário pode variar bastante. Muitas vezes, os aliados de um mesmo governante não realizam o mesmo tipo de avaliação sobre um mesmo programa político. Do ponto de vista partidário, também podemos ver a presença de facções, onde o destino do partido político é arquitetado de forma bastante variada.

Em geral, essas são situações que representam bem o desenvolvimento de um regime democrático em que as opiniões têm seu espaço de atuação e expressão. Contudo, no caso da história política brasileira, percebemos que o respeito à diversidade nem sempre fora vigente. Retomando especificamente o desenvolvimento de nossa República, podemos ver que o personalismo e os interesses das oligarquias tiveram um marcante espaço de atuação.

Ao compor esse quadro geral, o professor pode trabalhar o Coronelismo como uma das mais marcantes situações de exclusão política em nossa história. Para tanto é necessário se fazer um recuo histórico que recupera a origem do coronelismo durante o Período Regencial, quando o governo imperial delega armas e soldados às elites com a criação da Guarda Nacional. Realizada essa pequena contextualização, sugerimos o trabalho com a interessante constatação feita pela historiadora Maria de Queiroz.

No livro “História Geral da Civilização Brasileira”, ela faz a seguinte constatação sobre o coronelismo:

“A pergunta “Quem é você?” recebia invariavelmente a resposta: “Sou gente do coronel Fulano”. Essa maneira de redarguir dava imediatamente a quem ouvia as coordenadas necessárias para conhecer o lugar socioeconômico do interlocutor, além de sua posição política.”

Nesse trecho, o professor tem condições de expor à turma outro tipo de dinâmica política bastante distinta daquela que hoje experimentamos. Sendo o Brasil um país essencialmente rural naquela época, percebe-se que as relações políticas estavam intimamente atreladas ao poder exercido por um grande proprietário de terras. Conforme muito bem salientado pela historiadora, ser “gente” de certo coronel implicava em apoiar convicções políticas bastante precisas.

Dessa forma, ao grifar essa interpretação, o aluno pode vislumbrar como a liberdade política se mostrava como um sonho distante naquela época. Caso queira finalizar a aula com a aproximação de outros temas, o professor pode falar sobre os instrumentos coercitivos que preservavam os mandatos políticos nas mãos de uma mesma elite durante a República Oligárquica.


Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

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