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Ensino da História indígena: literatura e mídia

O ensino da História indígena ganhou novas forças após a aprovação da Lei n. 11.645/08, que tornou obrigatório o ensino da história e cultura indígena brasileira em sala de aula.
O Ensino de História indígena utilizando a literatura indígena e notícias da mídia
O Ensino de História indígena utilizando a literatura indígena e notícias da mídia
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O ensino da História indígena e sua abordagem tradicional são frequentes nas instituições de ensino do Brasil. Os povos indígenas são abordados nas aulas de história a partir de uma perspectiva eurocêntrica, os professores reproduziam as tacanhas histórias indígenas presentes nos livros didáticos de História. Nestes manuais, os indígenas eram abordados a partir do momento da colonização, onde demonstrava seu caráter exótico e submisso, sujeito passivo que foi escravizado sem nenhuma dificuldade. Essa visão está presente nos livros didáticos.

A partir da aprovação da Lei n. 11.645/08 que versa no "Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena”, os professores devem repensar sua didática e metodologia de ensino para abordar a temática com competência e responsabilidade.

No presente texto, iremos propor a abordagem da História indígena através da Literatura e mídia (notícias veiculadas na mídia), mais especificamente por meio das obras do escritor indígena Daniel Munduruku, da etnia Munduruku. É importante salutar que as obras literárias de Daniel são importantes para abordar a temática indígena hoje e a problemática da colonização e exploração indígenas desde os tempos coloniais até a atualidade.

Nos livros de Munduruku (Coisas de Índio, O Homem que roubava horas, Sabedoria das Águas entre outros), temos problemáticas atuais como o índio inserido na sociedade complexa, urbana e industrializada brasileira; percebemos que lugar de índio não é somente nas tribos e nas florestas. Atualmente, os índios se encontram inseridos na sociedade não indígena, usufruindo das tecnologias, como telefones celulares, computadores entre outros.

Muitos dizem que esses indígenas que vivem nas cidades, deixaram de ser índios, descaracterizaram suas culturas. Ledo engano, a cultura não se encontra parada (paralisada), sem movimento, não iremos encontrar povos indígenas com as mesmas características que os portugueses encontraram há 500 anos.   

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Os livros didáticos nos transmite a ideia de que o extermínio indígena se deu há 500 anos e pronto, deixando enormes equívocos, a grande maioria dos alunos acha que o processo de extermínio não continuou, entretanto, sabemos que é uma prática constante até os dias atuais.

Uma proposta para os professores abordarem em sala de aula a fim de demonstrar para seus alunos que o massacre contra os indígenas perpetuaram durante o processo histórico brasileiro, é utilizar reportagens jornalísticas atuais (texto escrito, vídeos, reportagens) sobre os massacres contra indígenas que ocorrem hoje no Brasil, onde grileiros, posseiros e fazendeiros exterminam os indígenas que reivindicam seus direitos sobre a terra. Alguns materiais podem ser encontrados na internet, como o documentário Xingu - A luta dos povos pelo Rio, que traça a luta dos povos indígenas contra a construção de barragens no rio Xingu. O professor também pode utilizar a entrevista com o governador de Roraima, José de Anchieta Júnior, e debater com os alunos os atuais conflitos na Reserva Raposa Serra do Sol, onde existem intensos conflitos entre os exploradores de minérios e os indígenas. Além desses exemplos, os professores podem realizar buscas na internet, encontrar riquíssimos documentários sobre a questão indígena.

O professor deve também saber lidar com a questão do outro, da diferença, do respeito à diversidade, pois sempre confrontamos com nossos alunos imbuídos dos valores culturais da sociedade que estão inseridos, geralmente discriminam a outra cultura, o diferente, o outro. O papel do professor é mediar essas relações conflituosas e combater todas as formas de racismo e preconceito.

Leandro Carvalho
Mestre em História