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Importância da escrita nas aulas de matemática

O uso da escrita nas aulas de Matemática para verificar a aprendizagem, estimular o raciocínio matemático e despertar a visão crítica em relação aos conteúdos abordados.
A importância da escrita nas aulas de matemática
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É comum ouvir alunos de todas as idades dizerem que não estudam matemática, afinal, eles vão ficar lendo números? Poucos são os casos em que identificamos alunos que possuem o hábito de refazer exercícios ou mesmo de ler a explicação que consta no livro didático. Por não terem esse costume, a leitura torna-se enfadonha e desestimulante, o que acaba resultando em alunos que não conseguem pensar além dos números, tornando-se pequenas “calculadoras”. Eles chegam a aprender a tabuada e a fazer impressionantes cálculos mentais, mas não conseguem interpretar um enunciado. Após uma leitura rápida de um problema, questionam ao professor: “É de mais ou de menos?” Esses são alunos que não pensam a matemática, não a questionam e mal a compreendem.

Durante uma aula de Matemática, é difícil para o professor ter a convicção de que seu aluno aprendeu. Até mesmo porque o próprio aluno não tem a certeza de que aprendeu. Muitas vezes, acontece de uma ou mais pessoas na turma acreditarem que compreenderam o conteúdo explanado, enquanto, na verdade, absorveram ideias equivocadas. Por acreditar ter entendido, não manifestam dúvidas. Infelizmente, o professor demora a identificar a dificuldade desses alunos. Uma alternativa para auxiliar a aprendizagem em classe é a produção escrita. Comumente, os alunos, principalmente os adolescentes, têm vergonha de expor suas dúvidas em meio aos colegas, mas, ao escrever, eles permitem que o professor tenha a real noção de seu entendimento.

Para o professor, a estratégia pode funcionar como uma sondagem ou um diagnóstico de sua turma. Por exemplo, a fim de verificar determinado conhecimento prévio sobre frações, o professor pode pedir aos alunos que escrevam o que sabem a respeito desse assunto e daí verificar a bagagem que esse aluno já possui e aqueles pontos em que o um trabalho mais enfático será necessário. Outra opção é fechar o conteúdo com uma produção em que o aluno deva explicar o que aprendeu. Por exemplo, o professor pode propor que os alunos expliquem o que entenderam sobre equações, como resolvê-las, opinar sobre a parte da matéria que merece mais dedicação por ser mais difícil, que parte é mais interessante, explicar alguns exemplos, enfim. A partir desse trabalho, o professor poderá dizer que entregará esse texto para os alunos do ano seguinte para que eles possam aprender com o conhecimento dos colegas.

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A partir do momento em que o aluno escreve, ele começa a desmistificar a matemática. Nesse momento, ele é levado a ir além dos cálculos, a pensar o assunto em questão. Isso o auxilia também na interpretação, prática tão escassa nas aulas de matemática.

E que tal montar uma apostila de matemática apenas com produções dos alunos? O professor pode propor que os melhores textos irão compor uma apostila e estabelecer votações entre os alunos para selecionar quais as melhores produções. O professor faz uma sondagem e seleciona os textos com as melhores explicações e repassa-os à classe. Dessa maneira, os alunos teriam a necessidade de ler as produções dos colegas e, de forma imperceptível, absorveriam novas ideias, adquiririam novas interpretações, sem deixar de estudar.

Pode-se ainda estabelecer um sistema de rodízio, em que os próprios alunos desenvolveriam seus textos em sala de aula, podendo apresentá-los aos colegas da forma que achar mais interessante, através da música, da interpretação, com o auxílio de recursos tecnológicos, entre outros. Essa experiência é muito rica tanto para os alunos quanto para o professor, pois os alunos conseguem compreender melhor a dificuldade de seu colega, e o professor passa a ver de outra maneira a forma com que seu aluno compreende aquilo que lhe é ensinado. Há dificuldade e resistência dos alunos a essa nova prática, mas cabe ao professor incentivar os alunos para que possa colher frutos desse trabalho.


Por Amanda Gonçalves
Graduada em Matemática