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Visita ao museu na aula de história

A visita a Museus durante as aulas de história proporciona aos alunos um contado direto com objetos que ajudam a interpretar o passado.
Representação do trabalho de um arqueólogo
Representação do trabalho de um arqueólogo
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Quando um professor de história entra em sala de aula, os alunos logo presumem que vão estudar datas, fatos e verdades absolutas que nunca mudarão, pois se trata de uma análise do pretérito. Levantada a polêmica, o professor deverá romper paradigmas junto aos alunos em relação ao conhecimento histórico, mostrando no dia a dia das aulas que as influências das relações históricas não se estabelecem somente no passado.

É importante ressaltar que a história não estuda os mortos, mas os “vivos do passado”; ao estudar os fatos históricos, o professor e os alunos deverão analisar o que os personagens fizeram em vida, pois essa é uma maneira de elucidar aquilo que os historiadores chamam de consciência histórica, que é conseguir visualizar a influência desses vivos do passado na construção do presente e na projeção do futuro, a fim de que o conteúdo estudado ganhe mais sentido e importância para os alunos.

O professor, em seu oficio, deve sempre desenvolver a habilidade de um pesquisador, principalmente quando se trata do uso de fontes não escritas. Trabalhar com fontes que não estão no livro didático necessita de capacidade metodológica, é preciso saber transmitir a relação do contexto estudado com o objeto histórico exposto aos alunos.

Para a pesquisadora Maria Auxiliadora Shmidt, o trabalho em sala de aula “é a própria atividade do historiador” (Schmidt,2006.p, 59), que além do livro didático deverá saber utilizar outras fontes importantes para inserir o aluno no processo de construção do conhecimento. Ao mostrar aos alunos outros documentos, como alguma peça de museu sobre uma determinada sociedade, o professor ampliará o leque de possibilidades para mostrar como os vivos do passado agiam e como suas culturas mudaram no transcorrer do tempo.

Uma sugestão pertinente para transmissão do conhecimento histórico no Ensino Médio e Fundamental II é, portanto, a visita a museus – que são exemplos mais claros do processo de trabalhar com fontes não escritas. Todavia, parafraseando a pesquisadora Circe Bittencourt, para a realização dessa tarefa, tem-se que adotar algumas medidas, como: definir os objetivos da visita; selecionar o museu mais apropriado para o tema a ser trabalhado; visitar a instituição antecipadamente e alcançar uma familiaridade com o espaço a ser trabalhado; preparar os alunos para a visita através de exercícios; elaborar formas de dar continuidade à visita quando voltar à sala de aula; avaliar o processo educativo que envolveu a atividade, a fim de aperfeiçoar o planejamento das novas visitas, etc.

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Dessa forma, na visita a um museu para analisar uma determinada civilização, o professor poderá propor, por exemplo, uma discussão em relação ao conceito de cultura e como ela reage às mudanças provocadas pelo tempo, mostrando o movimento dialético da história. Além do mais, analisando uma determinada peça do museu, os alunos compreenderão melhor a linha do tempo, pois estarão diante de um objeto que não faz parte de seu cotidiano e através dessa análise fica mais evidente a diferença temporal entre um período e outro. Utilizando essa metodologia, o professor desenvolverá sua habilidade de pesquisador e o senso crítico dos alunos em relação ao campo de horizonte dos estudos de história.

Ademais, exponho aqui algumas leituras pertinentes para a reflexão metodológica de como os conteúdos poderão ser trabalhados em sala. Entre os vários livros recomendados, destaca-se: “Documentos não escritos na sala de aula”, da pesquisadora Circe Bittencourt; “A formação do professor de história e o cotidiano em sala de aula”, da professora Maria Auxiliadora Shmidt; e na parte da teoria da história é interessante a leitura do artigo “O lugar da Teoria-Metodologia na cultura histórica”, do historiador brasileiro José Carlos Reis.


Por Fabrício Santos
Graduado em História