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O aluno-problema e o professor

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No Brasil, boa parte dos alunos não consegue concluir satisfatoriamente sua jornada escolar - processo este que se convencionou chamar de “fracasso escolar”. Mais ainda, quando se investiga a qualidade do ensino ministrado para os alunos que permaneceram na escola, o quadro não é menos desolador. Esse último efeito tem sido denominado de “fracasso dos incluídos”.

Para muitos, é certo que as questões que enfrentamos na educação brasileira têm relação imediata com a atuação do professor. Mas quando existe a proposta de pesquisar as razões dos fracassos escolares que rondam nossa sociedade, vemos despontando um conceito muito polêmico: o de aluno-problema.

O aluno-problema é aquele que padece de certos distúrbios psico-pedagógicos; distúrbios estes que podem ser de natureza cognitiva (distúrbios de aprendizagem) ou de natureza comportamental, e nessa última categoria enquadra-se o conjunto de ações que associamos usualmente à indisciplina.

A indisciplina e o baixo aproveitamento dos alunos tornam-se duas faces de uma mesma moeda, pois alunos-problema podem ser tomados como privilégios para a ação docente alcançar a almejada excelência profissional. Quando na realidade, o que se busca, no caso do exercício profissional de qualidade, é uma situação-problema e a possibilidade de equacioná-la ou suplantá-la.

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Com isso, podemos observar que na própria ideia de entender como a atuação docente pode combater o fenômeno indisciplinar, algumas suposições acabam se tornando armadilhas que não conseguem alterar os rumos e os efeitos do trabalho pedagógico.

Nessa reflexão, é preciso que o professor compreenda que o aluno-problema é um porta-voz das relações estabelecidas em sala de aula e que a imagem de aluno ideal, do modo como ele deveria ser e dos hábitos que ele deveria cultivar, deve ser abandonada. Em relação à prática, que o objetivo da ação do trabalho docente seja o compromisso com o conhecimento; e a experimentação de novas estratégias de trabalho e investigação da prática, sejam necessidades. Pois, se há fracasso, o fracasso é de todos; o mesmo acontece com o sucesso escolar.

Contudo, ao desempenhar o ofício docente com competência e prazer – e, por extensão, com generosidade –, o reflexo do trabalho poderá se refletir na maneira como o aluno exercita seu lugar na sala de aula e, talvez assim, a indisciplina possa dar lugar à prática pedagógica por excelência.

Eliane da Costa Bruini