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Desde o início da vida o bebê começa a se interagir com a sua língua, pois mesmo que ainda não fale, está de ouvidos atentos à mãe, ao pai, aos familiares, à televisão, à música. De modo quase que instintivo começa a querer falar, a provar e descobrir um mundo de conhecimento ao seu redor, pois é tudo novo. Todos os que estão a sua volta têm uma capacidade incrível de liberar um som, às vezes alto, baixo ou sussurrado. Quando vai descansar a criança observa o som que acalma, a cantiga de ninar...
Então, percebe que para cada momento existe um som e começa a querer imitá-los. Chora e balbucia quando está com fome, ri e libera alguns sons de possíveis letrinhas quando gosta de alguma coisa, grita quando algo dá errado. Os adultos começam a ensinar as primeiras palavras: mamãe, papai, vovó. E assim a criança vai se formando como falante nativo de sua língua e com o passar do tempo, já sabe liberar o som exato para cada momento. O falante nativo segue o mesmo princípio da fixação da língua portuguesa como nativa no Brasil, ou seja, a qual se deu primeiramente com a fala, originada do latim vulgar.
No último ano do ensino infantil e, principalmente, no 1º ano da primeira fase, a criança começa a ter contato com as letras, com o alfabeto, com a primeira letrinha do nome, e se encanta por este universo de novas possibilidades. A associação da letra com o som começa nessa fase da alfabetização. A criança começa a imitar a letra da professora, de livrinhos, a se esforçar para que saia igual à letra do quadro ou da tarefinha. Mais tarde a criança começa a entender que pode fazer o seu número “2”, o número só dela, que ela criou, ou escrever seu nome do jeito que gosta com o “l” maior do que a linha. É importante que a criança seja monitorada, mas sem muita cobrança, já que a fase da educação infantil é a fase de desenvolvimento da criatividade, do potencial artístico. No entanto, com o passar de alguns meses, a criança vai perceber que as letrinhas acompanham as linhas do caderno, para ficarem iguais, mais harmônicas. Alguns adéquam ao caderno de caligrafia, outros vão moldando a letra do próprio modo. As primeiras sílabas são escritas com muito esforço através do “ditado” da professora. Ao final do ano, a criança já sabe que “macaco” é a junção das sílabas ma, ca, co, porque aprendeu as “famílias” de cada uma: a família do “ba” de bolo, do “ca” de cama, e assim por diante.
Nos anos seguintes, já iniciada a leitura, o aluno desenvolve ainda mais sua escrita e a velocidade motora ao escrever. Tem facilidades com memória visual e aprendizagem a partir do lúdico, ou seja, jogos pedagógicos que podem ser feitos em sala de aula ou em casa. Os professores devem incentivar os jogos e também os pais: jogo da memória, jogo de tabuleiro, de montar, quebra-cabeça, etc. E mais do que incentivar, os pais e professores devem interagir com a criança.
Sabemos que nos dias de hoje, os pais não tem tanto tempo disponível, mas é muito importante estar em contato com a criança nesta fase, mesmo que seja aos finais de semana. Pode ser até mesmo para um jogo de amarelinha, já que o convívio social entre os “coleguinhas” e familiares é também primordial nessa fase. O bom convívio com os demais oferece à criança maior percepção do mundo ao seu redor e de si mesma, o que resulta em segurança e auto-estima, e melhor entendimento e respeito aos demais.
É importante que pais e professores monitorem as crianças, mas como auxiliadores, facilitadores da aprendizagem. A criança tem que fazer sua tarefinha, e se for preciso, apagar, fazer de novo, até quando achar que está de acordo com o que ela é, afinal, o que é a aprendizagem da língua, senão a expressão de si mesmo em um papel.
Por Sabrina Vilarinho
Graduada em Letras
Equipe Brasil Escola