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A repressão no período regencial

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A violência dos tempos regenciais abre caminho para compreensão de questões atuais.

Ao falar dos conflitos regenciais, percebemos que muitos professores se limitam a falar da questão dos problemas econômicos e oposições políticas que marcam o período. Contudo, para revelar a faceta conservadora do governo desta época, acreditamos que a violência que marca os conflitos regenciais pode ser de grande proveito para que os alunos tenham uma visão mais acurada sobre a repressão daqueles tempos.

Para tanto, sugerimos a realização de uma atividade para que eles possam notar por meio de alguns documentos as dimensões da força empregada pelas autoridades regenciais. Em cada um dos relatos, apresentamos a fala de testemunhas oculares de diferentes conflitos regenciais. Apesar de cada relato expor uma única perspectiva, podemos aqui avaliar de perto a dimensão do autoritarismo daqueles tempos. Seguem os trechos a serem utilizados abaixo:

“Rebeldes, verdadeiros ou supostos, eram procurados por toda parte e perseguidos como animais ferozes! Metidos em troncos e amarrados, sofriam suplícios bárbaros que muitas vezes lhes ocasionavam a morte. Houve até quem considerasse como padrão de glória trazer rosários de orelhas secas dos cabanos” Relato de Domingos Raiol acerca da repressão à Cabanagem.

“Reverendo! Precedeu a este triunfo derramamento de sangue brasileiro. Não conto como troféu desgraças de concidadãos meus, guerreiros dissidentes, me sinto as suas desditas e choro pelas vitimas como um pai pelos seus filhos. Vá Reverendo, vá! Em lugar de Te Deum, celebre uma missa de defuntos, que eu, com meu Estado Maior e a tropa que na sua igreja couber, irei amanhã ouvi-la, por alma de nossos irmãos que pereceram no combate.”Pronunciamento do Barão de Caxias acerca da comemoração da vitória sobre os farroupilhas.

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Realizando a leitura de cada um dos relatos, o professor pode desenvolver uma atividade em que os alunos descubram qual revolta regencial está sendo trabalhada em cada uma das falas apresentadas. Para tanto, o aluno deve investigar as minúcias do texto, procurando descobrir quem eram “farroupilhas” e “cabanos” que são citados em cada um dos textos. Ao investigar tal dado, os alunos podem descobrir as revoltas tratadas e promover um breve histórico das mesmas em atividade.

Feita essa primeira consideração, discuta com os alunos de que forma os conflitos entre os rebeldes e as forças regenciais são destacados em cada documento. Em ponto comum, notamos que a extrema violência pode ser contabilizada em algumas das ações descritas e expressões utilizadas pelos autores. O “derramamento de sangue brasileiro”, a celebração da “missa de defuntos” ou o “rosário de orelhas secas dos cabanos” nos revelam pistas significativas sobre os horrores vividos em tais conflitos.

Caso ache interessante, o professor pode estender a questão da violência das autoridades oficiais por meio de reportagens que falem sobre essa questão na contemporaneidade. Conflitos por disputas de terra, rebeliões carcerárias ou conflitos em favelas podem revelar aos alunos como a violência se mostra em nosso cotidiano como um problema relevante e que, muitas vezes, parte das autoridades que deveriam nos oferecer proteção. Temos aí uma ponte entre o passado e o presente!

Por Rainer Sousa
Mestre em História
Equipe Brasil Escola