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Aprimorando práticas metodológicas com ênfase nos sinais de pontuação

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A pontuação está relacionada ao sentido que se pretende dar ao texto

Mediante a correção das produções textuais, um dos aspectos negativos, entre tantos outros, que o educador se depara é com a falta de habilidade em saber lidar com os sinais de pontuação, ora demonstrada pelos alunos. Tal ocorrência, muitas vezes pode ter resquícios na abordagem pela qual o educador se esmera no momento de aplicar este ou aquele conteúdo.

Aqueles relacionados à gramática são exemplos vivos desta ocorrência, visto que práticas pedagógicas voltadas para o trabalho com frases soltas ainda imperam no ambiente escolar, mesmo diante da nova proposta inerente aos livros didáticos, os quais já optam por apresentar um material mais contextualizado. Como consequência deste procedimento, tem-se que os educandos não se sentem aptos a formular um pensamento lógico e coerente, dotado de todos os requisitos necessários a tal, sobretudo quando se trata do ato de redigir.

Todas estas elucidações, enfatizadas sob um âmbito geral, apontam para um fato extremamente recorrente, todavia, o artigo em questão elege de forma específica um destes elementos os quais constituem os tópicos gramaticais – os sinais de pontuação, levando em conta as mais variadas situações discursivas que deles fazemos uso.

Assim, visando ao aprimoramento das já citadas práticas metodológicas, sugere-se que o educador, procurando se desvencilhar de um ensino arraigado em formas mecanicistas e sistemáticas, procure conferir um aspecto mais dinâmico ao seu trabalho, diversificando-o sempre que oportuno. Portanto, ao invés de apresentar regras que predeterminem a função destes sinais, acreditando que os alunos somente as decorem, o ideal é fazê-los compreender acerca das reais intenções do emissor ao aplicá-las, tendo em vista os diversos efeitos de sentido a que ele se presta mediante a interlocução. Tal afirmativa torna-se ainda mais enfática ao ressaltarmos a opinião de Telma Weisz, especialista em alfabetização e supervisora pedagógica do programa Ler e Escrever, da Secretaria Estadual de Educação de São Paulo:

“A intervenção pedagógica é voltada para a reflexão sobre o funcionamento da pontuação num texto em particular e não para a formulação de prescrições genéricas.”

Como subsídio, o docente pode apoiar-se em um texto de grande circulação no meio eletrônico, aqui retratado:


Show da Língua Portuguesa

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Um homem rico estava muito mal. Pediu papel e pena. Escreveu assim:

Deixo meus bens à minha irmã não a meu sobrinho jamais será paga a conta do alfaiate nada dou aos pobres.

Morreu antes de fazer a pontuação. A quem deixava ele a fortuna? Eram quatro os possíveis contemplados.


1) O sobrinho fez a seguinte pontuação:

Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho. Jamais será paga a conta do alfaiate. Nada dou aos pobres.


2) A irmã chegou em seguida. Pontuou assim o escrito:

Deixo meus bens à minha irmã. Não a meu sobrinho. Jamais será paga a conta do alfaiate. Nada dou aos pobres.


3) O alfaiate pediu cópia do original. Puxou a brasa pra sardinha dele:

Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do alfaiate. Nada dou aos pobres.


4) Aí, chegaram os descamisados da cidade. Um deles, sabido, fez esta interpretação:

Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do alfaiate? Nada! Dou aos pobres.

Assim é a vida. Nós é que colocamos a pontuação. E isso faz a diferença.

(autor desconhecido)


- O primeiro passo é dividir a classe em grupos;

- Em seguida, como o texto se encontra na íntegra, torna-se interessante entregar a cada grupo uma cópia, porém reformulada, deixando os espaços para que eles façam a pontuação que considerarem conveniente;

- Depois da atividade concluída, o educador pode sugerir que apresentem suas conclusões. Tal procedimento permitirá que a classe toda faça comparações das respostas obtidas e, consequentemente, estará abrindo espaço para possíveis discussões acerca do fato.

- Elencados todos os posicionamentos, é proveitoso entregar novamente aos grupos uma cópia do texto original, contendo a pontuação evidenciada pelo autor. Será que algum grupo apresentou um resultado idêntico? É hora de checar!

- Finalizando, ressalta-se a importância de o educador enfatizar acerca de uma importante questão: mais do que uma simples regra, os sinais de pontuação, longe de serem empregados de forma aleatória, devem atender ao sentido que o emissor deseja conferir ao seu discurso.


Por Vânia Duarte
Graduada em Letras
Equipe Brasil Escola