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Consciência Histórica Crítica

A consciência histórica crítica estabelece uma relação de ruptura para com os elementos do passado.
A decapitação de Luís XVI, durante a Revolução Francesa, foi uma ação de ruptura contra o absolutismo
A decapitação de Luís XVI, durante a Revolução Francesa, foi uma ação de ruptura contra o absolutismo
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No processo de compreensão e relação com as experiências do passado, não podemos nos equivocar com a ideia de que o passado sempre há de ser uma referência válida para orientação das ações no presente. Em diversas situações, temos leituras sobre o passado em que o vivido é interpretado como um conjunto de situações que precisa ser abandonado e a favor da constituição de um novo conjunto de ações apartados com aquilo que aconteceu. Contudo, quando e como podemos perceber esse tipo de consciência histórica?

Um exemplo bastante claro para a existência da consciência histórica crítica é a experiência do holocausto nazista, ocorrido entre as décadas de 1930 e 1940, na Alemanha. Passados os conflitos, os integrantes do Estado Nazista foram punidos e, ainda hoje, os antigos campos de concentração são patrimônios históricos visitados que são utilizados como forma de rememorar os terrores de um passado a ser repudiado. Até pela força da lei, a apologia ao ideário nazista é alvo de punição.

A consciência histórica de natureza crítica também pode ser vista em experiências não ligadas a tragédias. Os processos revolucionários também são outro campo em que a ruptura junto ao passado ocorre. Na Revolução Francesa, por exemplo, a decapitação da autoridade monárquica representava especificamente uma tentativa de ruptura junto à tradição do absolutismo que imperou ao longo de toda a Idade Moderna e a constituição de outro tipo de governo para a França.

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Mesmo rompendo com o passado, a consciência histórica crítica às vezes não consegue empreender uma ruptura profunda com o que passou, expondo assim as limitações que a constituição de uma nova realidade para o futuro pudesse vir a ter. Um caso desse tipo de limite pode ser constatado na história econômica da União Soviética, que acabou reproduzindo modelos do sistema capitalista, ou das revoluções de esquerda que, em casos diversos, tomaram atitudes de natureza autoritária semelhantes aos dos regimes que destituiu.

Feitas essas considerações, podemos ver que a consciência histórica crítica é um elemento de leitura do passado de grande importância para o ensino de história ou para a cultura escolar como um todo. Sendo a escola um espaço de letramento e reflexão, temos que abrir constante espaço para que determinadas ações do passado que legitimaram a injustiça, o preconceito, a desigualdade ou a barbárie em nossa sociedade. Sendo assim, a ruptura da consciência crítica se põe como elemento vital à formação plena do indivíduo.


Por Rainer Gonçalves Sousa
Colaborador Brasil Escola
Graduado em História pela Universidade Federal de Goiás - UFG
Mestre em História pela Universidade Federal de Goiás - UFG