O barulho em sala de aula é um dos fatores limitantes de aprendizagem. Ruídos de conversas e barulhos externos podem afetar o rendimento dos estudantes, além de serem potenciais causadores de diversos males à saúde, como estresse, irritabilidade, insônia e dificuldade de concentração.
Ao medir o nível de intensidade sonora durante as aulas, é possível conscientizar alunos e incentivar a administração escolar a implantar políticas e estratégias que visem um ambiente mais saudável para alunos e professores.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), de acordo com o nível de ruído e o tempo de exposição, a poluição sonora pode causar diversos problemas de saúde. Confira a tabela abaixo, que relaciona o efeito dos níveis de intensidade sonora:
Efeitos
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Limite do nível de ruído – dB(A)
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Perturbação do sono: a pessoa não relaxa totalmente, não atingindo os estágios mais profundos de sono e reduzindo o tempo de descanso.
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30
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Interferência na comunicação: conversar com outra pessoa, falar ao telefone e ouvir rádio ou televisão tornam-se mais difíceis.
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50
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Estresse leve com excitação do sistema nervoso e produção de desconforto acústico.
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55
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Perda da concentração e do rendimento em tarefas que exigem capacidade de cálculo.
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60
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Risco de perda auditiva: a pessoa exposta pode contrair perda de audição induzida por ruídos para exposições de oito horas diárias.
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75
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A intensidade sonora desejada no interior das salas de aula é de 30 dB, o que está bem longe de ser uma realidade. Por isso, é importante controlar a intensidade sonora nesse ambiente.
Metodologia
Peça para que seus alunos instalem em seus smartphones algum aplicativo gratuito que registre a intensidade sonora. Para tanto, oriente-os a buscarem a palavra “decibelímetro”. Os aparelhos celulares são capazes de fazer essa medição sonora, uma vez que são equipados com um conjunto de dois ou mais microfones.
Veja também: Ondas sonoras
Após a instalação do aplicativo, combine com os alunos alguns horários durante as aulas para que sejam feitas as medidas de intensidade sonora. Os intervalos podem ser de 30 minutos ou 1 hora.
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Forneça uma tabela na qual o aluno possa registrar o horário em que a intensidade sonora foi medida e o valor obtido. Veja o exemplo abaixo:
Intensidade Sonora (dB)
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Horário
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40 dB
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10h30min
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60 dB
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09h15min
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75 dB
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11h45min
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A cada dia, uma nova tabela pode ser preenchida. As intensidades sonoras devem ser medidas no mesmo horário fixo. Ao final do processo, é possível calcular qual foi a média de intensidade sonora obtida para cada horário.
Tendo em mãos essas médias, é interessante fazer um gráfico para que se entenda em qual horário do dia ou da manhã há mais poluição sonora em sala de aula. A internet conta com diversas opções gratuitas e bastante intuitivas para construção de gráficos.
Abaixo temos um exemplo hipotético de gráfico em linha, que permite visualizar a evolução temporal do ruído em sala de aula:
Exemplo de gráfico que permite visualizar a evolução temporal da poluição sonora em sala de aula.
Com o gráfico em mãos, é possível relacioná-lo à tabela da OMS para determinar qual é o possível efeito daquela exposição sonora a longo prazo. Dessa forma, será possível elaborar estratégias de conscientização no ambiente escolar.
Veja também: Acústica
Alguns aplicativos podem fornecer o erro apresentado em cada medida. Esse valor, no entanto, é sempre maior, uma vez que a captação de som depende do dispositivo utilizado por cada estudante. Além disso, a posição de cada estudante na sala de aula pode afetar a medida em virtude da interferência sonora, capaz de produzir regiões de interferência construtivas e destrutivas.
Por fim, é possível comparar os resultados obtidos com a tabela abaixo. Nela, podemos encontrar quais são os valores típicos de intensidade sonora em diversos ambientes ou situações. Confira:
Som
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Nível sonoro (dB)
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Conversa em voz baixa
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20
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Automóvel
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50
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Aspirador de pó
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80
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Buzina de caminhão
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100
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Trovão
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130
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Decolagem de avião
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140
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Por Me. Rafael Helerbrock