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Dentre as muitas competências delegadas ao educador, mediante sua prática pedagógica, figura-se aquela de suma importância – o fato de ele ter de incutir o gosto pela leitura em uma grande parte do público com o qual compartilha suas experiências. Entretanto, como se sabe, formar leitores “apaixonados” se revela como sendo um grande desafio que permeia os ambientes escolares da atualidade. Partindo-se dessa prerrogativa, atém-se à questão de que a leitura sempre foi e continuará sendo um componente curricular, mas afinal, até que ponto tal prática estaria influenciando na conduta dos educandos, analisada sob todos os aspectos?
Sabe-se que no planejamento escolar há toda uma relação de livros literários, todos fazendo parte de um cronograma que deverá ser seguido à risca. Contudo, indícios parecem “entoar” a todo instante, revelando que muitas vezes essas leituras são simplesmente impostas apenas como um instrumento do qual se utiliza para mera “obtenção de nota”. Assim, há aquele aluno que, por não se sentir motivado, recorre à internet para simplesmente ler o resumo, e há ainda aquele que no dia da avaliação recorre ao colega dizendo: “Fulano, será que dá para você me contar a história, pois nem ao menos procurei ir à biblioteca para reservar o livro e.... sei que não vou conseguir”... Indubitavelmente, toda essa situação é lastimável.
Diante do dinamismo pelo qual perpassa a sociedade contemporânea, onde a rapidez das informações e as novidades oriundas dos recursos tecnológicos tendem a seduzir cada vez mais os educandos, as aulas de Literatura parecem se tornar um tanto quanto enfadonhas, sem sentido. Sendo assim, no intuito de reverter a situação, cabe ao educador buscar mecanismos eficazes no sentido de obter êxito no que tange aos propósitos firmados.
A começar, torna-se relevante mencionar que a Literatura se configura como uma arte que muitas vezes representa a própria realidade e seus representantes foram influenciados pelo contexto histórico, social e político da época em que viveram, assim como somos influenciados pelos “ditames sociais”, no que se refere ao modo de nos vestirmos, falarmos e agirmos como um todo. Deste modo, antes de propor uma leitura literária, é interessante que o professor discorra sobre todos esses elementos, podendo até promover um trabalho interdisciplinar com o professor de História.
Outro aspecto que também incide nesse processo é o fato de que cada um revela um olhar diferente a respeito da leitura feita, assim como nos revela o poeta Ferreira Gullar, dizendo: “Um mesmo livro nunca é o mesmo para duas pessoas”. E, por assim dizer, por que não propor um seminário com vistas a “captar” a impressão obtida por todos, pois essa troca de experiências, ao mesmo tempo em que é individual, se torna também coletiva, construindo leitores reflexivos e críticos e, consequentemente, facilitando assim o aprendizado.
Entender como se processa a ironia presente em Machado de Assis, a versatilidade de Drummond, o romantismo de Camillo Castelo Branco ou até mesmo o morbidez de Cruz e Souza é, antes de tudo, “descortinar” o discurso nem sempre explícito, levando-se em consideração os recursos estilísticos utilizados por todas estas importantes figuras, uma vez que nada na linguagem literária é por acaso, tudo tem sim uma intencionalidade, por isso, entender o momento histórico é fundamentalmente importante.
Não esquecendo, pois, de que para encerrar a atividade literária, é sempre bom permitir com que os alunos revelem seu lado criativo ao demonstrarem suas habilidades. Nesse sentido, nada que uma mostra cultural não expresse sua eficácia, por meio de uma peça teatral que seja a representação da obra. Certamente tudo ficará na história!
Por Vânia Duarte
Graduada em Letras
Equipe Brasil Escola