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Antes do término da aula, a professora, preparando-se para sair, ouviu de um certo aluno:
- A próxima aula será de Redação? Ah, não! Lá vem a professora com aqueles temas chatos, exigindo que a redação seja entregue até o final da aula, e o que é pior, ela só trabalha dissertação. Nossa! não posso nem mais ouvir a palavra “redação” que me causa pânico.
Pois bem, mediante a realidade dos fatos, cada vez mais se torna preocupante a concepção que os educandos atribuem a essa disciplina que, diga-se de passagem, é tão importante. Por mais que pareça difícil, faz-se necessário que o educador tenha habilidade o suficiente para mudar esse quadro, fazendo com que a escrita não mais represente um estigma, mas sim algo prazeroso. Mas de que forma?
Ora, por certo que os alunos, antes mesmo de irem à escola, já se depararam com aquele panfleto deixado na caixa de correio, com algum familiar lendo ou assistindo aos jornais televisivos, ou até mesmo recorrendo ao manual de instrução da TV, pois alguém precisava gravar um programa interessante. Frente a tais pressupostos, por que não levar tudo isso para dentro da sala de aula? De nada adianta trabalhar as características inerentes aos diferentes gêneros, se não vivenciá-los na prática. Por certo, a aprendizagem deixará algo a desejar.
Assim, no intuito de tornar as aulas de Redação mais diversificadas e menos monótonas, torna-se de grande valia trabalhar os diferentes gêneros, assim como nos explica a linguista Beth Marcuschi, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE):
O que importa é fazer a garotada transitar entre as diferentes estruturas e funções dos textos como leitores e como escritores.
Para tanto, algumas dicas denotam certa relevância, tais como:
Voltando novamente aos indícios que retratam a temática em questão, outro fator de singular pertinência é o famigerado número de linhas, ora estabelecido pelo educador logo depois da apresentação da proposta. Vinte e cinco? Trinta? Aí vale tudo, até aumentar o tamanho da letra, é possível?
Céus! Como fica a coesão e a coerência nesse ínterim? Pobres coitadas!
- De modo a evitar que tal prática se perpetue ainda mais, o correto é começar falando que, independentemente do número de linhas, um texto precisa ser claro, objetivo e coeso, e seguir uma sequência lógica de ideias. Por isso, em nada resultará o famoso hábito de “encher linguiça” somente para cumprir com a obrigação imposta.
- Munidos dessa percepção, é imprescindível que antes de qualquer proposta, os alunos já tenham estabelecido familiaridade com as diferentes modalidades, nada que uma aula expositiva não possa resolver.
- Posteriormente a esse procedimento, o ideal é sugerir que os alunos, no final de semana, leiam o jornal, dando atenção a alguns detalhes das matérias publicadas, chequem os editoriais, as cartas de leitor, as crônicas, entre outros assuntos.
- Chegou, afinal, o grande dia. É hora de dividir a turma para começar a produzir. Dessa forma, nada de imposição, opte pela democracia, permitindo que este ou aquele grupo escolha qual modalidade será trabalhada. Pronto, cada um saberá por que e com qual objetivo redigirá uma crônica; uma reportagem com base em um determinado acontecimento; cartas direcionadas a um determinado jornal com base em alguma matéria; um editorial, posicionando-se de maneira convincente acerca desta ou daquela realidade com a qual manteve contato; e os anúncios, então? Enfim, ao final, sabe qual será o resultado de tantas criações?
Nada mais nada menos que um jornal. Certamente que, de antemão, o incentivo revelou sua palavra de ordem, pois a escolha dos melhores trabalhos resultará na publicação desses para toda a escola, podendo até materializar-se em algo periódico, quem sabe...
Por Vânia Duarte
Graduada em Letras
Equipe Brasil Escola