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Feitiçaria na Europa Moderna

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Supostas feiticeiras queimadas vivas
Supostas feiticeiras queimadas vivas

A historiadora Laura de Mello e Sousa, em seu livro A feitiçaria na Europa moderna, acredita que cerca de vinte mil pessoas foram queimadas na Europa moderna, acusadas de feitiçaria. O apogeu dessa repressão ocorreu entre 1560 e 1630. Por que tanta gente morreu acusada de feitiçaria?

Vamos trabalhar esse questionamento em cima de um pequeno fragmento do livro do historiador Marvin Harris, lembrando que o texto nesse momento é como um documento histórico, por isso torna-se indispensável para a análise e interpretação de fatos históricos.

É importante ressaltar as contradições existentes na Igreja Católica no final da Idade Média e no início da Idade Moderna: a teoria e a prática religiosa não dialogavam mais. Nesse período, as Reformas religiosas estavam acontecendo e a Igreja Católica adotou medidas para combatê-las, esse combate foi intitulado de Contrarreforma.

Texto: O Fenômeno da bruxomania na Europa Moderna

Creio que a melhor maneira de entender a causa da bruxomania é examinar não apenas seus resultados mundanos, mas também as suas intervenções celestiais. O principal resultado do sistema de caça às bruxas (ao lado dos corpos assados) foi o de que os pobres começaram a acreditar que estavam sendo vítimas de bruxas e demônios, e não de príncipes e papas. Há goteiras no telhado, a vaca abortou, a aveia definhou, o vinho azedou, sua cabeça dói, seu filho morreu? Foi uma vizinha que quebrou a cerca, que lhe devia dinheiro ou que desejava sua terra, uma vizinha que virou feiticeira. O preço do pão subiu, os impostos aumentaram, os salários caíram, os empregos rarearam? Foi obra de feiticeiras? A praga e a fome carregam com um terço dos habitantes de todas as aldeias e cidades? As diabólicas e infernais feiticeiras, que se tornavam cada vez mais atrevidas, eram as únicas culpadas. Contra os inimigos fantasmas do povo, a igreja e o Estado montaram uma arrojada campanha. [...]
O significado prático da bruxomania, portanto, foi o de que ela transferia a responsabilidade pela crise da agonizante sociedade medieval da Igreja e do Estado para demônios imaginários que se apresentavam sob forma humana. Preocupados com as fantásticas atividades desses demônios, as perturbadas, alienadas e pauperizadas massas humanas culpavam o exuberante Demônio, em vez de culpar o clero corrupto e a nobreza rapace. Não somente a igreja e o Estado eram absolvidos, mas eram considerados indispensáveis. O clero e a nobreza emergiam como os grandes protetores da humanidade, contra um inimigo onipresente, mas difícil de ser percebido.


O texto tem uma linguagem simples e de fácil entendimento, após lê-lo, o aluno, com a ajuda do professor, perceberá que:
• Por falta de sabedoria, o povo passou a acreditar que estava sendo realmente vítima de bruxos e demônios.
• Nesse contexto, o povo não percebia que os problemas passados na época eram de responsabilidade do Estado e da Igreja. Eram problemas políticos, sociais e econômicos.
• O fenômeno da bruxomania foi uma estratégia usada pelo Estado e pela Igreja para enganar a pobre população sofrida.
• O Estado e a Igreja mantinham o povo entretido nas caças às bruxas e com isso estavam livres de reclamações da população, pois tudo era culpa do demônio.
• Porque culpar o Estado e a Igreja se eles nada podiam fazer contra as forças do mal, a não ser queimar todos os bruxos e bruxas existentes.

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Observação:
O professor deverá ser imparcial ao abordar questões relacionadas à religião, pois são questões complexas que podem gerar grandes polêmicas dentro e fora da sala de aula.

HARRIS, Marvin. Vacas, Porcos, Guerras e Bruxas: os enigmas da cultura. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978. p. 176-177
SOUZA, Laura de Mello e. A feitiçaria na Europa Moderna. Editora Ática, 1995, edição 1.

 

Por Lilian Aguiar
Graduada em História
Equipe Brasil Escola