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O AI-5 na voz de Chico Buarque

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Explore as implicações do AI-5 em uma das mais interessantes canções de Chico Buarque.
Explore as implicações do AI-5 em uma das mais interessantes canções de Chico Buarque.

Ao trabalhar o tema da ditadura militar em sala de aula, muitos professores destacam o decreto do AI-5 como a mais significativa ação em favor do fechamento do regime. Em breve análise do documento, podemos ver que os militares garantiam para si, o direito de prender e perseguir todos os cidadãos que viessem a ferir os nebulosos princípios de defesa à segurança nacional. Nesse momento, falar o que se pensa poderia custar a liberdade e, em alguns, casos, a própria vida.

Caso ache interessante, o professor pode salientar as ações impostas pelo AI-5 realizando o destaque de alguns artigos que compunham essa controversa lei. Feita essa primeira observação, é interessante mostrar aos alunos que o auge da repressão foi marcado pelo emprego da violência, mas também despertou a inventividade de vários artistas preocupados em falar sobre os problemas daquela época. Sob tal aspecto, sugerimos um trabalho com a canção “Acorda amor”, de Chico Buarque.

Antes de executar a música, o professor deve ambientar o aluno à época em que esta canção foi concebida. Gravada em 1974, a música saiu assinada por “Julinho da Adelaide”, um pseudônimo empregado por Chico para que ele não fosse ligado à composição da letra. Além disso, vale destacar o título do álbum, “Sinal fechado”, que já viria reforçar a ideia de que a liberdade de expressão encontrava-se imobilizada, como os carros que param diante de um sinal vermelho.

Feita a leitura e audição da música, peça aos alunos que relatem oralmente sobre a história contada na letra. Em breves palavras, podemos ver que a canção retrata sobre a história de um homem que desperta a mulher e avisa-lhe de uma possível invasão ao seu lar. Nesse contexto, podemos destacar que a invasão não se trata da ação de um criminoso. Traçando seu elo com a época autoritária, a personagem diz que “era a dura, numa muito escura viatura”.

Nesse sentido, podemos ver que a canção remete às ações autoritárias, em que representantes das forças oficiais invadiam as casas e prendiam as pessoas sem uma motivação aparente. Seguindo adiante, Chico Buarque imprime parte para uma bem humorada ironia, ao chamar desesperadamente pela figura de um ladrão. Afinal de contas, parecia “melhor” ter a casa assaltada do que ser levado pelas autoridades do regime militar.

Um pouco mais à frente, o marido da canção, admoesta que ele poderia sumir por “uns meses” ou que fosse “mais de um ano”. A essa altura, a canção de Chico alerta para os vários desaparecimentos que marcaram a época e apontavam um dos lados mais sombrios da ditadura. E assim, aconselhando para que o mesmo não acontecesse à amada, o marido acha melhor que ela “não discuta à toa, não reclame”. Quem sabe, uma opção pela submissão imposta pela coerção e a violência.

Terminada a exposição do material trabalhado, os alunos podem compreender que a canção de Chico Buarque projeta uma situação que foi vivida por diversas pessoas perseguidas pelo regime militar. Por outro lado, ressalta o comportamento deste e de vários outros artistas que viveram as dificuldades dessa época. Caso ache necessário, o professor pode terminar a aula indicando outras canções que trabalhem temas semelhantes.


Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

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