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Quando se fala em aprimoramento da argumentação, enfatiza-se, sobretudo, a produção textual. Falamos o tempo todo, expomos nossas opiniões, ouvimos as opiniões alheias e... no momento da escrita... Por que o estigma da redação ainda impera no ambiente escolar, se em provas de vestibulares, concursos públicos, entre outras circunstâncias, ela representa um dos principais requisitos, senão o principal?
Eis aí uma discussão relevante e, sobretudo, uma preocupação de todo professor de Língua Portuguesa. Como quebrar tal estigma? O pior é que, antes de passar pelos processos acima citados, o aluno passa pelo ENEM, uma prova que o faz sentir os primeiros contratempos dessa grande jornada. Como sabemos, nesse exame a modalidade requisitada é a dissertação, mas não há como desenvolvê-la se as ideias, primeiramente, não estiverem elencadas, visto que não há possibilidade de discorrermos, argumentarmos sobre um assunto do qual não temos conhecimento. No mínimo, o que pode ocorrer é o candidato se ver diante de uma folha em branco e simplesmente não saber qual o procedimento necessário, viável.
Vamos começar nossa discussão “pleonasticamente” (ou seria “neologisticamente”?) dizendo: pelo começo. Dessa forma, os alunos precisam saber que existem os tipos textuais e que deles partem os gêneros. “Dissertação, narração e descrição”, para muitos, podem representar conceitos meramente vagos. Que tal se o professor começasse explanando que a todo o momento narramos um acontecimento a alguém; descrevemos as características de uma pessoa, um objeto, um passeio que fizemos, enfim, muitas são as circunstâncias cabíveis nesse caso; também expomos nossas opiniões acerca de um determinado assunto, visto que as ideias nunca são totalmente afins, entre uma pessoa e outra.
Outro aspecto são os gêneros, visto que eles fazem parte das nossas situações cotidianas. Dessa forma, uma notícia possui características narrativas; um editorial, características argumentativas, etc. Fazendo assim, os alunos terão a oportunidade de observar todas as características neles presentes, sobretudo as linguísticas.
Voltando à questão que norteia o assunto sobre o qual nos propomos a discutir, alguns alunos não se veem preparados para expor seus argumentos em um texto. Assim, diante dessa realidade, faz-se necessário que o educador adote métodos precisos que os auxiliem no aprimoramento de determinadas habilidades exigidas pela escrita, especialmente a capacidade argumentativa, tendo em vista que o texto dissertativo se baseia na pura e simples exposição de ideias sólidas e convincentes. Mediante tal pressuposto, como fazer com que o interlocutor se convença do discurso, se este nem ao menos repassa confiabilidade e credibilidade?
Para tanto, algumas propostas se revelam como eficazes, no sentido de capacitá-los a desenvolver a tão requisitada habilidade. A começar pelo incentivo que lhes é dado (por parte do educador) no que se refere à importância de se manterem informados, sempre. Questões polêmicas, sem sombra de dúvidas, poderão ser cobradas. Nesse sentido, torna-se essencial que estabeleçam familiaridade com os noticiários televisivos, ou impressos, por exemplo. A leitura de revistas como a Veja, Superinteressante, Época, Carta Capital, Isto É, entre outras, representa uma alternativa de grande viabilidade.
Outro procedimento é reservar um dado momento das aulas de Redação, além da parte prática (as produções), para debater assuntos relacionados às notícias propagadas pelos meios de comunicação. Fazendo assim é bem possível que eles se disponham a relatar os pontos de vista firmados diante de um dado acontecimento. Aproveitando esse “gancho” é sempre bom o professor enfatizar que o emissor precisa se preocupar com questões relacionadas aos fatos gramaticais como um todo, porém, somente esse aspecto não pode se sobrepor aos demais, pois o conteúdo, o discurso (levando-se em consideração clareza, coesão, coerência) também impera, e muito, nesse sentido.
Ainda dando continuidade às viáveis alternativas, sugere-se o contato com os diferentes gêneros em que prevalece o aspecto argumentativo, tais como o editorial, artigo de opinião, a carta argumentativa, entre outros, pois podem, também, representar uma das modalidades exigidas nos processos seletivos, haja vista que atualmente estão se tornando bastante diversificados.
Por Vânia Duarte
Graduada em Letras