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O mito do primata caçador

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A relação do homem com a natureza pode ser debatida por meio de conteúdos ligados à Pré-História.

O estudo dos tempos mais remotos da história humana é cercado por várias impressões que desapercebidamente distorcem o entendimento desse período. Principalmente no que se refere ao desenvolvimento e aparição dos primeiros humanos, temos uma tendência a ver o processo de adaptação dos primatas ancestrais como uma sequência de mudanças e acúmulo de habilidades que explicam os caminhos do domínio humano sobre a natureza.

Nesse âmbito, muitos alunos e curiosos deixam a entender que a ampliação da inteligência humana foi gradativamente facilitando o controle que o homem viria a ter sobre o meio. Entretanto, essa perspectiva antropocêntrica não abre oportunidades para a existência de um processo mais dinâmico que possa refletir a situação dos ancestrais do homem na Pré-História. Afinal de contas, será que os hominídeos e o homem sempre estiveram em posição de vantagem em relação ao restante da natureza?

Para trabalhar essa pergunta, sugerimos ao professor que promova a discussão de um interessante texto intitulado “Adivinhe quem vem para jantar”, do jornalista Reinaldo José Lopes. Em seu relato, Reinaldo José discorre sobre a condição Australopithecus africanus, há cerca de 2,5 milhões de anos. Por meio de Taung, personagem principal desse texto, o autor mostra que os antepassados do homem foram presa comum de vários animais existentes nessa época.

Empregando as informações do texto, o professor pode pedir à classe que faça uma pequena lista dos animais que costumavam se alimentar com a carne humana. Entre falcões, felinos, canídeos, ursos, gambás, jacarés e tucanos, o professor pode desconstruir facilmente os discursos que legitimam a superioridade do homem em relação aos outros animais. A estranheza instigada pela leitura acaba provavelmente acionando a reflexão curiosa dos alunos.

Por fim, ao dizer que esse tipo de informação funciona como “um dos melhores antídotos contra a arrogância coletiva do Homo sapiens”, o articulista permite ao professor debater a atual relação do homem com a natureza. Fazendo menção aos problemas ambientais correntes, a aula sobre Pré-História aproxima seus conteúdos a temas correntes na Biologia e na Educação Ambiental.


Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

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