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O uso de fotografias em sala de aula constitui uma das mais instigantes experiências reflexivas hoje utilizadas. No entanto, o uso dessas imagens passa muitas vezes despercebido no cotidiano escolar, configurando um aspecto meramente decorativo ou reforçador daquilo que já foi ensinado durante uma aula. No entanto, haveria uma maneira de se deslocar essa função secundária destinada às fotos?
Para isso, é necessário que o professor tenha o interesse de discutir junto aos seus alunos a função histórica que a fotografia possui na compreensão da realidade. Quando inventada, a fotografia passou a ser considerada uma verdadeira revolução das artes, pois com ela o homem teria a mais fiel reprodução do mundo que o cerca. No entanto, com o passar do tempo, a idéia de que as fotos somente registram o real perderam espaço para uma compreensão mais artística desse novo feito.
Mesmo tendo caráter instantâneo mediante uma situação vivida, a fotografia não deixa de ter uma leitura própria do mundo. O fotógrafo, ao utilizar suas lentes, não coloca em uso a simples funcionalidade de um instrumento automático. Cada vez que clica (e eterniza) uma determinada situação, o fotógrafo realiza uma série de escolhas que influem diretamente sobre a maneira que podemos compreender a situação enquadrada pelas lentes.
A mais importante dessas decisões envolve o próprio ato de fotografar. Ao escolher um determinado cenário, o fotógrafo não se lança a uma série de cliques indiscriminados. É importante ressaltar que o registro envolve uma escolha. Por isso, ao analisar uma foto em sala é importante que o professor saliente a maior número de dados possíveis sobre quando e onde o fotógrafo decidiu tomar uma foto. Outra importante questão é salientar dados biográficos sobre quem tirou essa mesma foto.
Partindo do autor para a foto em si, o professor pode destacar sobre como a câmera agiu no enquadramento de uma situação. Dessa maneira, é importante pensar sobre o espaço gasto em cada um dos elementos que compõe a foto. Esse tipo de questão muitas vezes salienta qual informação foi considerada mais importante na imagem. Para compreender melhor esse ponto, pode-se levar à sala duas fotos de um mesmo evento.
Para exemplificar essa questão, o professor pode fazer uso da foto de Finbarr O´Reilly que, no ano de 2005, ganhou o premio World Press Photo. Sem antes mostrar a foto em si, os alunos podem entrar em contato com algum texto informativo ou reportagem que relate sobre a crise de abastecimento que assolou a Nigéria em 2005. Sem dar maiores explicações, peça para que os alunos descrevam o que eles sentiram ao ler as informações contidas no texto.
Depois disso, reserve alguns minutos para que a sala observe a foto tirada por Finbarr O´Reilly.
Após os alunos observarem a foto, peça para que os mesmos digam qual fonte de informação foi mais impactante. Depois disso, peça para que eles registrem quais elementos mais chamaram a atenção na foto de O´Reilly e porque eles acharam determinados elementos mais interessantes. Dessa maneira, os alunos podem iniciar um trabalho de interpretação que coloca as imagens como forma de compreensão das experiências vividas no passado e no presente.
Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola