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Professor, você já deve ter ouvido falar que Literatura e História caminham lado a lado, não é mesmo? Muitos de nossos poetas incorporaram ao universo literário uma visão humanista, demonstrando preocupação com o homem e sua condição no mundo. Dessa forma, foram muitos os autores que utilizaram sua arte a favor da crítica social, provando que a arte também pode ter um caráter utilitário.
Selecionamos, então, alguns poemas permeados pela crítica social e, a partir do estudo desses poemas, nossos alunos deverão perceber que a Literatura não é alheia aos diversos fenômenos históricos que marcaram nossa sociedade em diferentes épocas e diferentes contextos. Sugerimos, professor, que você distribua cópias dos poemas propostos para a turma e, ao final da leitura de cada um deles, situe seus alunos no contexto histórico no qual estão inseridos.
Epigrama
Que falta nesta cidade? ... Verdade.
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Que tem, que a todos assusta? ... Injusta. Valha-nos Deus, o que custa Gregório de Matos |
* Professor, observe que o poema “Epigrama” foi escrito pelo poeta baiano Gregório de Matos no século XVII, portanto, há mais de quatrocentos anos. Conhecido por suas duras críticas sociais à corte portuguesa, Gregório de Matos recebeu a alcunha de “Boca do Inferno” por expressar as condições sociais em que vivia a sociedade de seu tempo.
Vozes d'África
Deus! ó Deus! onde estás que não respondes? Embuçado nos céus? Qual Prometeu tu me amarraste um dia O cavalo estafado do Beduíno Minhas irmãs são belas, são ditosas... Dos haréns do Sultão. Por tenda tem os cimos do Himalaia... A Europa é sempre Europa, a gloriosa!... Sempre a láurea lhe cabe no litígio... Mas eu, Senhor!... Eu triste abandonada E nem tenho uma sombra de floresta... Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;) Como o profeta em cinza a fronte envolve, |
Ai! dizem: "Lá vai África embuçada Nem vêem que o deserto é meu sudário, De Tebas nas colunas derrocadas Não basta inda de dor, ó Deus terrível?! Foi depois do dilúvio... um viadante, Desde este dia o vento da desgraça Vi a ciência desertar do Egito... Cristo! embalde morreste sobre um monte Hoje em meu sangue a América se nutre Basta, Senhor! De teu potente braço
Castro Alves |
* Professor, fale sobre o contexto histórico apresentado na poesia de Castro Alves, jovem poeta baiano que demonstrou grande entusiasmo pela causa abolicionista, escrevendo poemas que denotaram esse contexto histórico no ano de 1868.
A flor e a náusea
Preso à minha classe e a algumas roupas, Olhos sujos no relógio da torre: O tempo pobre, o poeta pobre Em vão me tento explicar, os muros são surdos. Sob a pele das palavras há cifras e códigos. Vomitar esse tédio sobre a cidade. Crimes da terra, como perdoá-los?
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Alguns achei belos, foram publicados. Pôr fogo em tudo, inclusive em mim. Uma flor nasceu na rua! Sua cor não se percebe. Sento-me no chão da capital do país às cinco horasda tarde
Carlos Drummond de Andrade |
* Professor, os versos de Drummond denotam uma grande consciência social, cujo contexto está ancorado na luta de classes e na perversidade de um sistema que oprime o homem e seus sonhos.
Os poemas acima demonstram o quanto a poesia e o protesto andam lado a lado, retratando momentos sociais diferentes e denunciando a situação do homem na sociedade. Proponha também que seus alunos busquem outros poemas que sejam norteados pela mesma motivação social e que situem as obras em seus devidos contextos sociais.
Por Luana Castro
Graduada em Letras