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Para que possa elaborar aulas interessantes, é fundamental que o professor de História esteja sempre atento aos acontecimentos que possam se relacionar com o passado. De fato, ao realizar essa ponte entre os tempos históricos, temos a grande oportunidade de revelar aos alunos que a apreciação do passado está intimamente vinculada às questões elaboradas no presente.
Ao tratar da Reforma Protestante, os professores geralmente apontam que os participantes desse movimento empreenderam uma série de críticas aos valores e práticas disseminadas pela Igreja Católica. Além disso, também devemos assinalar que os reformistas propuseram novas interpretações ao texto bíblico e fundaram outras religiões de orientação cristã.
O protestantismo, sem dúvida, provocou um grande baque para a hegemonia dos dirigentes do clero católico. Mais do que isso, vemos que na Idade Moderna se desenvolveram vários conflitos de motivação religiosa que colocaram essas duas dissidências cristãs em conflito. Contudo, a Reforma e seus conflitos religiosos não ficaram presos àquela época.
Para demonstrar a presença das questões daquela época, sugerimos que o professor exponha um trecho da reportagem “Imagem de Nossa Senhora apanha na TV”, veiculada pela Folha de São Paulo, em 31 de dezembro de 1995. Segundo a matéria:
“Em 12 de outubro, para ‘comemorar o dia de Nossa Senhora Aparecida’, o bispo Sergio Von Helder da Igreja Universal do Reino de Deus, não teve dúvidas: socou e chutou uma estátua da santa durante dois programas da TV Record. ‘Isso não é Deus coisa nenhuma’, esbravejava entre uma pancada e outra. Os católicos reagiram. ‘Foi uma agressão gravíssima’, declarou D. Lucas Moreira Neves, presidente da CNBB.”
Por meio dessa situação, o professor pode fazer uma atividade destacando alguns valores religiosos do movimento protestante. Ao esbravejar que a imagem não representava Deus, o bispo retomava uma das críticas que a Reforma impôs à Igreja no século XVI. Nesse caso, o aluno pode destacar a adoração a imagens e a venda de relíquias sagradas como um dos pontos de discórdia naquela época.
Em contrapartida, a reposta dada pela autoridade católica também nos remete à própria reação que a Igreja teve mediante as críticas protestantes. Ao invés de concordar ou ignorar a ação de Von Helder, o clérigo Dom Lucas foi taxativo ao dizer que o evento se tratava de uma grave agressão. De forma análoga, ao observar a ascensão das religiões protestantes, a Igreja – no século XVI – reafirmou incondicionalmente todos os seus valores e princípios teológicos.
Ao realizar essa comparação, podemos ver que Reforma e Contra Reforma são experiências históricas de grande importância. Longe de ser uma experiência presa ao século XVI, percebemos no polêmico incidente alguns indícios de que o passado reverbera no tempo presente. Mais interessante ainda, é poder provar isso em sala de aula!
Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola