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Para muito estudantes, o estudo de longos períodos históricos é algo bem complicado de se trabalhar. Em meio a uma infinidade de informações, vemos que o jovem, principalmente o vestibulando, se toma pelo desespero causado por tantos nomes, datas e acontecimentos. Mediante tal problema, cabe ao professor amenizar essa situação angustiante com a realização de atividades que possam desmistificar os temores que alguns alunos têm em não saber nada sobre um conteúdo.
Tomando a Era Vargas como exemplo, indicamos o uso de uma curiosa charge do desenhista Chico Caruso, onde tenta fazer uma espécie de síntese da época em questão. Mesmo que a síntese não seja suficiente para esgotar todo assunto, podemos ver que a ideia de Caruso abre caminho para um longo exercício de interpretação. Segue a charge do artista:
Nesta charge o aluno encontra Getúlio Vargas trajado de formas diferentes e levando consigo alguns acessórios que compõe a cena. Iniciando o uso do material, questione junto à turma por que Caruso fez várias representações de Vargas em um único desenho. Através de uma rápida conversação, fica claro que o chargista difere os períodos históricos da carreira política de Vargas em cada uma das “versões” apresentadas do mesmo político.
Entendendo a charge dessa forma, vemos a existência de uma linha do tempo em que são revelados linearmente os momentos vividos na Era Vargas. Tomando esta informação, construa uma linha do tempo simples, contendo a periodização com cada um dos eventos e fases que dividem tal época. Feito esse trabalho, trabalhe com os alunos a interpretação dos elementos imagéticos que pode relacionar uma das figuras a uma época específica da Era Vargas.
Na primeira, podemos destacar as botas e a farda como uma alusão ao movimento que o colocou no poder: a Revolução de 1930. Naquele momento, o apoio dos militares integrantes do movimento tenentista foi de peso fundamental para que o político gaúcho chegasse ao poder. Mais do que se vestir como militar, Vargas entregou o governo de vários estados a militares que foram nomeados como interventores.
No segundo desenho, temos Vargas trajando um terno e ostentando a faixa de presidente do Brasil. O tom oficial e legal da imagem está ligado ao fato de que ele agora assumia a presidência sob a aprovação da Constituição de 1934. Logo em seguida, com semblante mais grave e portando um livro às mãos, a sequência de Caruso revela o justo momento em que o Estado Novo inaugurava o período ditatorial da Era Vargas.
O livro em mãos pressupõe uma referência à Constituição de 1937, que legitimava um governo autoritário e não reconhecido por representantes do Legislativo. Na charge, o período ditatorial se encerra com um Getúlio Vargas em trajes informais que não mais fazem alusão à figura do presidente. Supostamente, a imagem indica o processo de redemocratização do Brasil, quando Vargas abre mão do Estado Novo e passa cinco anos em sua fazenda à espera da oportunidade que o recolocaria na presidência.
Por fim, encerrado o quadro exposto, Caruso mostra um Getúlio Vargas abatido e levando uma arma nas mãos. Nesse último retrato temos Vargas na iminência do seu suicídio. Antes do fatídico evento, temos o desenvolvimento de tensões políticas que colocaram o governante entre o interesse do bloco desenvolvimentista e as demandas nacionalistas. Somadas as acusações de tentativa de assassinato de Carlos Lacerda, o líder político acabou se matando.
Desenvolvendo a obtenção dessas informações com a turma, o professor abre caminho para que os alunos interpretem os sentidos e informações presentes na charge. Além de viabilizar a tal revisão, ainda abrimos oportunidade para que a capacidade de leitura dos alunos seja adequadamente desenvolvida. Nada melhor que um exercício em grupo para dar maior fluidez ao conteúdo.
Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola