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Hoje, 18 de maio, é o Dia nacional de combate ao abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes. Nessa data, é importante se atentar aos sinais que crianças e adolescentes em situações de abuso podem manifestar, assim como, aprender estratégias de prevenção a estes crimes.
Os números que os registros de abuso sexual contra crianças e adolescentes alcançam são alarmantes, conforme a Polícia Federal afirmou, mais de 30% dos esforços investigativos da instituição são para combater crimes desta natureza. Sendo que o abuso físico, na maioria das vezes, é de competência da Polícia Civil, ou seja, essa porcentagem de 30% é referente, em sua grande parte, apenas aos crimes virtuais.
Diante destes dados e do sofrimento que estes crimes proporcionam, a Polícia Federal começou, há cerca de um ano, o projeto Guardiões da Infância. Ouvimos a instituição para colher informações relacionadas aos sinais que podem indicar uma situação de abuso, o que fazer para prevenir estes casos e, também, como solicitar uma palestra dos policiais na sua escola, ou instituição.
Como identificar uma situação de abuso?
Segunda declarado pela Polícia Federal, não é possível determinar características físicas ou sociais comuns entre os abusadores. Para exemplificar, em setembro de 2024, a Polícia Federal executou 150 mandados de prisão dentro da operação Terabyte, havia criminosos (homens e mulheres) de 18 até 75 anos, havia membros de todas as etnias, pessoas com as mais variadas profissões e graus de instrução.
O que é comum a estes criminosos é que eles levam uma vida dupla, que permite que eles tenham acesso às crianças. Costumam ser pessoas manipuladoras, pois, para chegar até uma criança, é preciso enganar os outros adultos ao redor.
Dessa forma, para identificar situações de abuso, é importante prestar atenção no comportamento das crianças e dos adolescentes. Mudanças drásticas e, aparentemente, sem razão são sinais de alerta. Por exemplo, se um menino que costuma ser alegre e tirar boas notas, começa a agir de forma raivosa, ou melancólica, e tem uma queda no desempenho escolar e não é identificado outro motivo para tal mudança, este é, sim, um sinal de alerta.
Sinais físicos, como dor na área genital, escapes de urina, assadura incomuns, também são sinais de alerta. Esses indícios, por si só, não confirmam que há um abuso acontecendo, mas se identificados, é preciso conversar com a criança e com o adolescente.
O que fazer ao identificar uma situação de abuso
Ao se desconfiar de uma situação de abuso é preciso saber conversar com a criança, elas são suscetíveis às memórias falsas, então, não se deve fazer perguntas que acusem alguém, como:
"Foi o vizinho que fez isso?"
O mais correto é identificar se o abuso já ocorreu o se é uma rotina na vida da criança, sendo assim, uma boa pergunta a se fazer é:
"A pessoa que fez isso com você mora na sua casa?"
Assim, a depender da resposta da criança, tomam-se determinadas atitudes. Se ela sofrer o abuso em casa, é preciso informar o conselho tutelar e registrar ocorrência na Polícia Civil, sem que ela retorne ao local onde é violentada. Se for uma situação de abuso online, é preciso conversar com os pais ou responsáveis (se não forem os suspeitos) e também realizar a denúncia nas autoridades policiais.
Prevenção
Os abusos online tem enfrentado um crescimento vertiginoso. O modus operandi mais comum, segundo a Polícia Federal, dos abusadores é se passar por uma criança na vida online e criar uma relação com as vítimas.
Estabelecida esta relação, eles pedem fotos ou vídeos que, a princípio, não parecem comprometedores. Tendo este conteúdo em mãos, eles ameaçam e chantageiam as crianças e adolescentes para produzirem mais conteúdos, esta situação pode perdurar por anos.
Um fator de risco que faz com que as crianças continuem vivendo estas situações sem alertar os pais, é o medo da repressão. É importante que a relação seja de acolhimento, de escuta, de cuidado, a criança e o adolescente precisam ter certeza que não serão punidos pelos pais por sofrerem violência.
Por isso, a fiscalização da vida online das crianças e adolescentes é necessária, mas não só isso, é preciso estabelecer uma relação de confiança. Professores também devem ficar atentos, pois, 76% dos abusos físicos acontece dentro de casa.
Importante lembrar que em caso de suspeita, é preciso realizar a denúncia, quem vai levantar provas ou não é a polícia na fase de investigação.
Como solicitar uma visita dos Guardiões da Infância na sua Escola
O projeto Guardiões da Infância realiza palestras em escolas (ou outras instituições que lidem com crianças) desenvolvidas para grupos determinados. Há palestras para pais, professores, rede de proteção e, também, para os adolescentes.
As palestras são ministradas por Policiais Federais capacitados, que atuam na investigação destes tipos de crimes. As palestras ensinam desde estratégias de prevenção até como proceder após identificar uma situação de abuso. O projeto tem menos de um ano e já atendeu 10 mil pessoas em escolas, igrejas e outros centros sociais.
Para ter este projeto na sua escola ou instituição descubra qual a unidade da Polícia Federal mais próxima de você e encaminhe um e-mail com a solicitação. Veja aqui uma lista com as unidades da Polícia Federal.
Por Tiago Vechi
Jornalista