Dia da Luta pela Educação Inclusiva: especialistas comentam importância do tema

Neste 14 de abril é celebrado o Dia Nacional pela Luta da Educação Inclusiva
Estudantes diversos reunidos em escola, texto título da matéria sobre o Dia da Luta pela Ed
Estudantes diversos reunidos em escola, texto título da matéria sobre o Dia da Luta pela Ed
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O Dia Nacional da Luta pela Educação Inclusiva é comemorado nesta segunda-feira, 14 de abril, e reafirma a importância da defesa do ensino que inclua grupos historicamente excluídos. 

Quando se trata de educação inclusiva, no contexto das Pessoas com Deficiência (PcD), o foco não é na condição de deficiência dos estudantes ou em suas características, mas sim no potencial de aprendizagem que todas as pessoas possuem, acredita Ana Paula Lopes, coordenadora de educação inclusiva de uma rede de educação. "Pensar numa escola pronta para lidar com essa diversidade significa proporcionar um ambiente onde todos, independentemente de suas habilidades ou desafios, tenham a oportunidade de se desenvolver", afirma.

Ana cita que em relação ao movimento PcD, atualmente a Declaração de Salamanca e a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência são utilizadas como guias para o desenvolvimento de experiências educacionais que sejam de fato inclusivas.

Dados do Censo Escolar 2024, divulgados no dia 9 de abril, mostram que são mais de 2,3 milhões de estudantes com deficiência matriculados na educação básica brasileira. O cenário evidencia a importância do debate sobre educação inclusiva entre pais, estudantes, educadores, gestores, governantes e sociedade.

Saiba mais: O que é educação inclusiva, quais são seus objetivos e sua importância 

Como garantir uma educação inclusiva?

Para consolidar uma educação inclusiva, é fundamental que os profissionais da educação, incluindo professores e gestores, saibam identificar e eliminar barreiras que impedem a participação plena de todos os estudantes.

Nesse sentido, Ana Paula acredita que é preciso transformar os métodos de ensino e recursos para serem acessíveis a todos, não apenas de forma física, mas também no aspecto emocional, na intenção de propor um ambiente que seja acolhedor e respeitoso.

"A escola deve ser um espaço onde todos se sintam valorizados e encorajados a explorar suas capacidades, pois, ao falar de inclusão e diversidade, estamos nos referindo ao respeito a todas as características individuais".

Ana Paula Lopes

Ana Paula Lopes
Ana Paula Lopes atua como coordenadora de educação inclusiva na Rede de Educação Missionárias Servas do Espírito Santo.
Crédito: Divulgação. 

A promoção da inclusão está associada ao exercício da empatia, da boa convivência e do respeito pela diversidade das características humanas, acredita Ana Paula. Inclusão é um direito, enfatiza a profissional, que afirma também que todos devem ter a chance de alcançar seu potencial máximo.

Veja também: Neurodiversidade na escola - Desafios e caminhos para uma educação com equidade

Relação com mães e pais atípicos para a educação inclusiva

As mães e pais atípicos são aqueles que possuem filhos que convivem com algum tipo de deficiência ou necessidade especial. Gleiciane Maziotti, psicopedagoga e especialista em educação especial, destaca a importância dos pais no processo de aprendizagem de seus filhos. 

Segundo a Gleiciane, a educação especial não acontece somente na escola, ela se estende ao lar e às interações diárias, uma vez que o desenvolvimento de uma criança atípica vai muito além da sala de aula.

"Lembro de um caso marcante: uma mãe, ao descobrir a síndrome do filho, percebeu que ele não conseguia lidar com poluição visual. O que ela fez? Pintou a casa inteira de uma cor só, retirou quadros e objetos que poderiam desviar a atenção dele. Esse cuidado transformou a concentração da criança, impactando diretamente seu aprendizado na escola. Pequenas ações como essa mostram como o envolvimento da família é fundamental para o progresso da criança."

Gleiciane Maziotti - Psicopedagoga

Gleiciane
Gleiciane Maziotti é especialista em educação especial.
Crédito: Divulgação. 

Quando há uma parceria entre pais e educares e um alinhamento das práticas adotadas na sala de aula e em casa, a adaptação e o aprendizado se tornam fluidos, segundo Gleiciane. Os pais atípicos lidam com uma sobrecarga emocional e precisam de suporte dos educadores, salienta. 

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A realidade de um professor surdo

Rafael Cavichiolli atua como professor na Faculdade SESI, ministrando disciplinas com a Língua Brasileira de Sinais (Libras), além de trabalhar com turmas no aprendizado de Libras em todos os cursos.

Na perspectiva de Rafael, a fluência em Libras permite uma interação direta com estudantes surdos, o que reduz a dependência de intérpretes e torna o ambiente educacional mais acessível. Isso também, segundo ele, permite a participação de alunos surdos no ensino regular e fortalece a interação entre colegas ouvintes e surdos. 

"Professores surdos são fundamentais porque ensinam Libras como língua natural, transmitindo não apenas os sinais, mas também a cultura e a identidade surda. Além disso, servem como modelo de referência para alunos surdos e demonstram que a comunidade surda pode ocupar espaços de ensino e protagonizar sua própria educação"

Rafael Cavichiolli - Professor de Libras

Rafael em sala de aula
Rafael Cavichiolli possui formação em Licenciatura Plena em Letras Libras na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Crédito: Divulgação.

Quanto ao aprendizado de Libras pelos estudantes ouvintes, Rafael comenta que a adaptação à modalidade visuoespacial da língua é um desafio a ser superado, já que muitos estão habituados à comunicação oral-auditiva

Vídeo sobre o desafio de inclusão de pessoas surdas nas escolas e universidades

Entenda os desafios enfrentados por pessoas surdas nas escolas e universidades no bate-papo entre o professor João Gabriel e a professora Lívia Martins Gomes, especialista no assunto:

Saiba o que é inclusão social, grupos mais afetados pela exclusão social e exemplos neste artigo. 

 

Por Lucas Afonso 
Jornalista