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Desde a Antiguidade, foram comuns as tentativas de explicar as diferenças de comportamento entre os homens. Para alguns estudiosos, o que determina o comportamento do homem e justifica suas realizações é a cultura, pois adquirindo cultura, o sujeito estimula sua ação criativa da qual emerge sua experiência histórica resultante das gerações.
A partir do século XVIII, observamos o termo cultura articulado ao termo civilização, referindo-se ao civil como homem educado, polido, e à civilização como ordem social.
Esse conceito cultural submetido ao intelectual tem se perpetuando no processo de mudanças das civilizações. Até por uma tentativa de separar os termos civilização e cultura como se fossem opostos e excludentes, enquanto ambos podem ser indissociáveis ao desenvolvimento e ao progresso de uma nação.
O mais importante aspecto abordado em estudos sobre cultura é a contribuição para o combate, e, até mesmo, eliminação do preconceito no entendimento dos processos de transformação pelos quais passam as sociedades.
Podemos compreender a sociedade como um sistema de inter-relações que vincula os indivíduos, no qual estão presentes pelo fato de seus membros serem organizados segundo as relações sociais baseadas em uma cultura.
Nesta perspectiva, entender cultura como concepções de uma realidade social é tratar de caracterizar a existência social de um povo ou nação bem como suas ideias, crenças e as maneiras de viver em sociedade.
A cultura não permite apenas que se descreva e compreenda uma realidade, mas aponta caminhos para sua modificação. Ela nos leva a entender o processo histórico que um povo produz, suas relações de poder e os confrontos de interesses.
Por ser plural e por trazer diferenças em seus significados, a cultura cria condições que leva uma sociedade inteira a participar de uma mesma criação coletiva, quer seja através da cultura popular, da erudita, da cultura de massa ou da cultura expressa através dos ritos religiosos, espetáculos artísticos, movimentação política ou outros.
Na medida em que o mundo moderno torna-se complexo, emerge a consciência de que a essência interior do sujeito, que determinava sua identidade, inexiste. Assim, o sujeito não seria autônomo e autossuficiente, mas seria formado com outras pessoas que lhe mediam os valores e símbolos.
A identidade é formada na interação entre o sujeito e a sociedade, ou seja, a identidade cultural é formada pela concepção sociológica de um sujeito.
Dessa forma, o sujeito cultural também revela contradições aparentemente homogêneas, construídas apenas com base em determinados representativos da cultura dominante, tornando–se nítida a oposição de classes sociais, cujo interior surge de uma outra cultura, a cultura de massa.
Ao educador dos novos tempos, cabe a investigação dos fatores socioculturais que cercam seus alunos e sua escola. Compreender o sujeito e o contexto em que ele está inserido ajudará o próprio educador na compreensão de sua atuação e de si mesmo.
Eliane da Costa Bruini