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Rotineiramente, constata-se um discurso proferido por grande parte das pessoas no intuito de apontar suas concepções em relação à fase que demarca a adolescência – a aborrecência. Obviamente que se trata de um neologismo do qual se utilizam no sentido de atribuir um aspecto negativo, complexo à fase em questão. Mas afinal, será mesmo que são adolescentes aborrecidos? Se sim, por qual razão?
Por certo, esta é uma questão que assola tanto pais quanto educadores, haja vista que se trata de uma fase de transição, descoberta e, sobretudo, de mutação pela qual eles perpassam, e que sem dúvida trazem consequências que afetam diretamente o convívio social como um todo. Além das transformações físicas, com as quais apresentam dificuldade em conviver, uma vez que o próprio corpo se encontra em transformações, há também as mudanças psicológicas, as quais se revelam por meio de atitudes extremamente inconstantes.
No intuito de apontá-las podemos destacar as mudanças bruscas de humor, as implicâncias, o desejo de ora se refugiar, ora revelar sua espontaneidade, falando, às vezes, além da conta. Enfim, inúmeros são os posicionamentos os quais se incorporam. Como somatório, há que se ressaltar a dificuldade que encontram ao constatar que estão se tornando homens e mulheres, materializando-se em sentimentos contraditórios, talvez por medo e insegurança ao se deparar com algo até então desconhecido.
Resumindo tais transformações, tem-se que estas representam um objetivo uno e indissociável à fase em questão – a busca pela identidade, o sentimento em descobrir-se enquanto pessoa. Diante desta ocorrência, pais e educadores desempenham um papel fundamental no sentido de conduzi-los rumo a esta conquista. Nota-se que mediante o convívio familiar há resquícios de afastamento em relação aos pais, visto como uma maneira de reelaborar a imagem idealizada que se tem dos pais durante a infância, concebidos como símbolo de referência.
Tal afirmativa se torna ainda mais substanciada ao compararmos com os dizeres de Miguel Perosa, terapeuta e professor de Psicologia da Adolescência na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC – SP):
“Esse comportamento serve para que o adolescente exercite a definição de uma identidade baseada em experiências mais amplas”.
Em meio a esse ínterim, a oposição verbal e física no que tange às referências paternas acabam se tornando uma constante. Neste sentido, faz-se necessária a prática do constante diálogo, tendo em vista que a mediação entre respeitar e ser respeitado funciona como pressupostos fundamentais e imprescindíveis a uma boa convivência.
Em meio ao ambiente escolar, segundo a concepção dos especialistas, as atitudes podem se divergir, ocupando, portanto, dois extremos: algumas vezes o adolescente assume uma postura de confronto, justamente no intuito de uma autoafirmação. Neste caso, o recomendável é fazê-lo se sentir como alguém digno de respeito, que merece ser ouvido. Para tanto, o diálogo também é o melhor caminho, contudo, sempre pontuando acerca das normas de conduta que regem a instituição, com base em um convívio civilizado.
Em outras, ele transforma este ou aquele professor como referências, podendo ser estas, masculinas ou femininas. Com isso ele projeta em si mesmo (a) o que vê no outro (a), deixando de reconhecer os seus próprios valores. Assim sendo, o papel do educador é exatamente auxiliar nesta (re) conquista, fazendo-o reconhecer o que há de positivo no que se refere à personalidade e ao caráter enquanto ser humano.
Por Vânia Duarte
Graduada em Letras
Equipe Brasil Escola