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Há muito tempo percebemos a presença de um recorrente debate interessado em definir a importância da História nos currículos escolares presentes. Entre várias justificativas, não raro, percebemos a existência de textos, normas e discursos defensores da ideia de que a História seria um elemento fundamental para que os indivíduos tenham uma maior consciência ou uma consciência histórica sobre a realidade presente que nos cerca.
Sem dúvida, podemos sair em defesa de que a complexidade de compreensão do agora pode ser visivelmente potencializada com a investigação do passado. Contudo, há uma equivocada noção que pensa a experiência de contato em ambiente escolar como a única forma de se vivenciar esse processo de aquisição da consciência histórica. De tal forma, a falta de letramento seria o equivalente à inexistência da consciência histórica.
Partindo das discussões empreendidas por Luis Fernando Cerri e Jorn Rüsen, podemos notar que a consciência histórica é inerente ao ser humano e se faz presente fora do saber histórico obtido em sala de aula. Tal afirmação se faz pertinente, pois a consciência histórica não se limita à ideia de conhecer extensamente as experiências vivenciadas no passado. Mais do que dominar o acontecido, a consciência histórica articula presente, passado e futuro.
Entre esses três tempos, partimos do presente para então percebemos questões e problemas que tendem a nos imergir no passado em busca de respostas. Por conseguinte, identificando as possíveis respostas dadas pelo passado, construímos uma resposta para as questões do agora e, por conseguinte, projetamos nossas expectativas de transformação e permanência ao futuro.
Sob tal aspecto, não podemos aqui dizer que a relação entre as questões do presente e as respostas do passado pode nos antecipar o porvir. Lançados à complexa e árdua tarefa de agir no mundo, o saber do passado orienta nossos horizontes vindouros, mas não nos garante, em momento algum, a capacidade de controlar os desafios do porvir e, assim, transformar a História em uma ciência exata.
Analisando desde as questões da vida cotidiana às questões que ocupam a existência de grupos sociais, podemos ver que o passado é sempre acionado como elemento interpretativo e orientador. De tal modo, a consciência histórica se apresenta como um exercício desenvolvido por qualquer indivíduo. Contudo, qual seria o papel do saber histórico oferecido nas escolas já que a consciência é anterior à própria vivência escolar?
Sendo conduzido por profissionais dedicados a esse campo de conhecimento, os professores de História podem interferir na consciência histórica presente entre seus alunos. Para tanto, destacamos a indispensável necessidade de dialogar com a consciência histórica presente entre os alunos e, de tal forma, promover novas possibilidades de orientação para a vida a partir daquilo que já foi vivenciado.
Por Rainer Gonçalves Sousa
Colaborador Canal do Educador
Graduado em História pela Universidade Federal de Goiás - UFG
Mestre em História pela Universidade Federal de Goiás - UFG