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Algumas escolas vivem atualmente um momento crítico na questão da indisciplina. Tal situação, segundo alguns especialistas, persiste e vem se agravando no decorrer dos anos letivos.
O histórico dos atos mais graves de indisciplina na escola é fato que preenche, basicamente, a maioria das páginas do livro de ocorrências escolares, na disputa com outros registros que descrevem a resistência dos próprios alunos em executar as atividades propostas em sala de aula.
A cada página, fatos que descrevem brincadeiras, pouco estudo, uso de telefone celular em sala de aula, jovens casais que são pegos aos beijos no corredor, etc., expõem o cotidiano da escola, muito embora consigam passar quase despercebidos se comparados às gravidades de outros que dizem respeito à violência.
Dentre os registros, podemos encontrar aqueles que se referem especificamente à agressão física e verbal ao professor ou ao colega e, não raro, essas práticas encontram-se iniciadas no ensino fundamental básico.
Neste livro revelador é possível encontrar também “prognósticos” que findam justificar as atitudes de indisciplina e violência dos alunos, como, por exemplo, “o aluno tem suspeita de problemas psicológicos”.
Todavia, para todas as ocorrências, além das punições cabíveis, o encaminhamento dado é quase sempre o mesmo: convocação dos pais – geralmente, com a orientação para que os mesmos tomem as providências necessárias fora do ambiente escolar.
Mas enquanto os familiares tomam (em alguns casos) suas providências domiciliares e a escola aplica as punições cabíveis, as ocorrências continuam preenchendo o livro.
Nesse processo, o aluno, personagem principal da ação, acaba se tornando mero coadjuvante por conta das atenções voltadas ao problema e não às soluções.
Desta forma, pouco se fala a respeito da necessidade do aluno sentir uma atmosfera calorosa de preocupação consigo para compreender a questão da indisciplina, e não o habitual discurso que incita a preocupação caso ele se comporte desta ou daquela maneira para evitar o problema.
No papel de formar o aluno e preparar as novas gerações para exercerem seus direitos e deveres de cidadãos, bem como resgatar os valores éticos de respeito mútuo, solidariedade, honestidade e justiça, é preciso captar o mundo particular do aluno com empatia, que surge como essencial no processo educativo.
Nesta perspectiva, o educador, seja ele um familiar responsável ou um professor, torna-se capaz de compreender os sentimentos do aluno; seu tom de voz se transforma e ele demonstra a sua perfeita capacidade de partilhar dos sentimentos do educando.
Assim, não estaríamos colocando a cargo de uma única instância a responsabilidade de educar, mas sim buscando ressaltar a importância do aluno em uma ação conjunta da escola e da família, para atenuar o quadro de violência e desrespeito que corrompe seu processo educativo.
Não há educação sem valores. Ir à escola deve significar oportunidade de formar-se, desenvolver-se como pessoa e de crescer em todas as dimensões humanas, não só em conhecimentos, mas também em atitudes, afeto, respeito aos demais e apreço por si mesmo e pelo outro.
Eliane da Costa Bruini