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Pelos noticiários, pela imprensa falada e escrita, temos tomado conhecimento do alto grau de violência que se alastra pelo mundo. Será que estamos condenados à violência? O fim justifica os meios? É, portanto, justificável o uso da violência para alcançar e garantir a paz?
Quando falamos sobre a cultura da paz, nos referimos às múltiplas formas de violência e as novas tecnologias e maneiras de convivência. Na concepção de Gandhi, violência é “qualquer coisa que possa impedir a auto-realização individual, não apenas atrasando o progresso de uma pessoa, mas também mantendo-a estagnada. Sob essa perspectiva a violência é violenta porque leva ao retrocesso”.
A Paz como Cultura é um termo cunhado por Federico Major Zaragoza na Conferência de Yamoussoukro (Costa do Marfim) em 1995, em cujo documento final surge a expressão CULTURA DE PAZ.
Na Cultura tradicional existe o termo Paz negativa, que se define como ausência de guerras e de violência direta. A paz limita-se às relações nacionais e internacionais e sua manutenção depende unicamente dos Estados. A paz é um fim, uma meta a que se tende e que nunca se alcança plenamente. Na Cultura da Paz, é trabalhada a Paz positiva, que se caracteriza como a ausência de todo tipo de violência tanto direta, como estrutural e também como presença de justiça social e das condições necessárias para que exista. A paz abrange todos os âmbitos da vida incluídos o pessoal e o interpessoal e é, portanto, responsabilidade de todos e de cada um de nós. A paz é um processo contínuo e permanente: “Não há caminho para a paz, a paz é o caminho.” (Gandhi).
Ao considerar a paz como um processo contínuo e não como um fim, não é aceitável o uso de meios que não sejam lógicos com o que se pretende alcançar. A violência não é, portanto, justificável em nenhum caso. A paz converte-se num processo contínuo e acessível em que a cooperação, o mútuo entendimento e a confiança em todos os níveis assentam as bases das relações interpessoais e intergrupais. Para podermos concretizar a cultura da paz, devemos exercitar as nossas atitudes como filosofia de vida, reguladora de conflitos, como estratégia social e política para transformação da realidade. Os eixos da cultura da paz se traduzem em: Educação para a Paz, Desenvolvimento Sustentável, Direitos Humanos, Diálogo, Participação Democrática, Entendimento, Tolerância e Solidariedade, Livre Circulação de Informação, Paz e Segurança Internacionais. Nos Direitos Humanos, em relação à cultura da paz devemos respeitar a vida, rejeitar a violência, ser generoso, ouvir para compreender, preservar o planeta, redescobrir a solidariedade. A paz e os direitos humanos são inseparáveis e dizem respeito a todos. Um princípio norteador da paz é que os direitos humanos devem ser respeitados e garantidos, não só os direitos civis e políticos, mas também os direitos econômicos, sociais e culturais.
Uma cultura que não desenvolve a cidadania de seus membros não cresce, permanece subdesenvolvida. Logo, não pode sequer começar a pensar em desenvolvimento sustentado. O conceito de diversidade cultural, mostra que é fundamental o respeito, a valorização e o convívio harmonioso das diferentes identidades culturais existentes dentro dos territórios nacionais, o que nos coloca diante da noção de direitos culturais. A dimensão cultural é indispensável e estratégica para qualquer projeto de desenvolvimento. O direito à diferença, e à construção individual e coletiva das identidades através das expressões culturais é elemento fundamental da promoção de uma cultura de paz, de modo que devemos reconhecer e valorizar as nossas diferenças culturais como fator para a coexistência harmoniosa das várias formas possíveis de vivermos como seres humanos.
Devemos lembrar do que diz Morin, E. “como os meios e os fins inter-retro-agem uns sobre os outros, é quase inevitável que meios sórdidos a serviço de fins nobres pervertam estes e terminem por substituí-los”.
Deixo aqui um questionamento, como conter a marchar incontrolável da violência? Fortalecendo uma educação em direitos humanos? Por intermédio de campanhas conscientizadoras? Com o combate ostensivo ao crime organizado? Instituindo uma cultura da paz?
Por Amélia Hamze
Profª FEB/CETEC
ISEB/FISO-Barretos
Colunista Brasil Escola