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O termo Burnout é uma composição de burn=queima e out=exterior, aludindo que a pessoa com esse tipo de estresse desequilibra-se física e emocionalmente, passando a apresentar um comportamento hostil e nervoso.
A Síndrome de Burnout geralmente agrupa sentimentos de frustração. Seus principais identificadores são: cansaço físico e emocional, apatia e falta de efetivação do eu, desmotivação, insatisfação ocupacional, deterioração do rendimento, perda de responsabilidade. O significado de burnout (“queimando para fora”) é um revide ao estresse ocupacional crônico, não devendo ser confundido com o estresse, que é uma de suas causas. Quando se fala em burnout, três fatores parecem estar integrados: despersonalização caracterizando “não quero mais”, esgotamento emocional envolvendo “não posso mais” e baixa implicação subjetiva ao trabalho individualizando o “não se importar”. O conceito de Burnout surgiu nos Estados Unidos em meados dos anos 70, para dar explicação ao processo de desgaste aos cuidados e vigilância profissional nos trabalhadores de organizações.
FREUDENBERGER (1974), afirma que “o Burnout é resultado de esgotamento, decepção e perda de interesse pela atividade de trabalho que surge nas profissões que trabalham em contato direto com pessoas em prestação de serviço como conseqüência desse contato diário no seu trabalho”. O professor está em contato direto com os educandos, e muita energia é desprendida nesse relacionamento humano, porque ele trabalha as diferenças individuais, deixando-o fatigado, e muitas vezes sentindo que apesar de toda a sua disposição nas interações, o efeito de seu trabalho não é satisfatório. Quando o professor se depara com a falta de importância dada ao seu trabalho, ele entra num processo de defesa e escolhe inconscientemente por não mais se relacionar afetivamente com o seu fazer profissional. Mas como falar em educação sem envolver o afeto? Assim, esse educador já debilitado, sem expectativa e entusiasmo para mudar essa circunstância que lhe aborrece, entra em BURNOUT.
O profissional afetado pela síndrome, freqüentemente está doente, sofre de insônia, úlcera, dores de cabeça, e fadiga crônica. O vandalismo, os ataques a professores, as violências entre alunos, a situação precária das escolas, a falta de valorização do profissional da educação, baixo salário, não reconhecimento, resultam em condições degradantes do labor, fazendo com que o educador entre para o caminho mais inconveniente do esgotamento emocional. “Síndrome de Burnout”, doença profissional particularidade dos educadores afetados por toda essa realidade adversa, que se manifesta pela sensação de impotência diante da realidade habitual, laboral e pessoal, enraizando o nível de desestímulo e renúncia profissional.
Esse comportamento é explicado por FRANÇA E RODRIGUES (1997), como “conjunto de esforços que uma pessoa desenvolve para manejar ou lidar com as solicitações externas ou internas, que são avaliadas por ela como excessivas ou acima de suas possibilidades”.O "burnout" na verdade é uma tentativa do organismo de afastar a pessoa da coação, de despertar o mister de se meditar o conceito da própria vida, de parar para pensar. Porém, os profissionais que chegam ao "burnout", são pessoas muito responsáveis, perseverantes, estáveis, e eficazes . No entanto, por serem pessoas de alto nível profissional, cobram muito de si e acabam sendo perfeccionistas e intransigentes , e com essas atitudes não enxergam caminhos alternativos para o profissionalismo, entrando em estresse ocupacional, esgotamento emocional, despersonalização e baixa realização pessoal no trabalho que poderá acarretar doenças físicas, psicossomáticas, psíquicas (depressão), ou sociais (psicopatias).
CODO (1999) define a síndrome como “Síndrome da Desistência do Educador”. O ideal de trabalhar e vencer na vida, a ânsia por encontrar um lugar ao sol, é um projeto de vida que reflete a identificação do professor relacionado ao trabalho educativo, que se choca no confronto com a sociedade capitalista e ocasiona a doença. Pesquisas feitas, considerando 48% dos educadores, concluíram que praticamente a metade deles, sofre com algum sintoma do burnout , uma síndrome da desistência de quem ainda está licenciado temporariamente, de quem já abandonou a profissão e de quem ainda continua na profissão buscando minorar os danos do passado, a culpa, a decepção, a amargura e a angústia, em renovação profissional e pessoal, na esperança de reverter a situação na melhoria das interações e na afetividade. Tarefa difícil, mas não impossível.
Autora: Amelia Hamze
Profª FEB/CETEC e FISO