Dia do Professor: conheça histórias de educadores ribeirinhos da Amazônia
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Neste 15 de outubro, Dia do Professor, o Brasil Escola conversou com educadores ribeirinhos que compartilham suas vivências
Por Lucas AfonsoO Dia do Professor, comemorado em 15 de outubro, é uma data que destaca e reforça a importância desses profissionais da educação para a sociedade. A diversidade brasileira evidencia várias realidades sociais que se diferenciam também nas vivências escolares.
Em meio à Floresta Amazônica, que abriga a maior biodiversidade do mundo, comunidades ribeirinhas carregam aspectos culturais e tradições que permeiam a prática escolar desses lugares.
O Brasil Escola conversou com profissionais da educação ribeirinhos que compartilham suas histórias e trajetórias na educação.
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Professores ribeirinhos
Em Carauari, interior do Amazonas, Tony Figueiredo (48) leciona aulas para turmas do ensino fundamental e ensino médio. O educador utiliza do próprio espaço da floresta para realizar atividades e aulas em meio à natureza, conscientizando seus alunos sobre temas importantes como o perigo das queimadas e a preservação ambiental:
Crédito: Arquivo Pessoal.
A carreira como professor começou em 2012, quando havia concluído somente o ensino médio. Apesar do percurso de estudos desafiador, o amazonense concluiu o curso superior em Pedagogia e especializações em Educação Infantil e Geografia.
Ao longo de sua graduação, o professor conta que conciliou os estudos na faculdade com o trabalho em sala de aula, sem recessos.
Tony relata que a escola em que trabalha é feita em alvenaria, possui cinco salas de aula, refeitório, banheiros, pátio e recebe energia elétrica direto do município.
Crédito: Arquivo.
Entretanto, devido à presença das árvores, após fortes tempestades, é comum a falta de energia e o reparo chega demorar semanas, diante da dificuldade logística, conta o educador.
Formado em Pedagogia, Maciel atua na cidade de Tefé, no Amazonas. Apesar de cansativa, sua rotina de trabalho na escola ribeirinha da cidade é prazerosa. Ele destaca que o principal desafio é o da valorização profissional dos educadores.
A professora e pesquisadora Dra. Marley Antonia é natural de Abaetetuba, no Pará, município composto por 72 ilhas. Historiadora por formação, atualmente leciona no Instituto Federal do Pará (IFPA), em Belém.
Quanto trabalhava na ilha, a educadora conta que sua rotina era conduzida em meio ao ritmo da natureza. Uma das principais faltas dos seus alunos era por conta da produção do açaí e da pesca, atividades de subsistência da região. Além disso, lidava com as limitações da infraestrutura.
Um dos maiores desafios da docência é encantar os jovens que estão acelerados e que possuem dificuldade de se concentrar e desejar estar em sala de aula. Outro ponto é fazer inclusão de maneira coerente, reforça.
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Ações da Fundação Amazônia Sustentável
A Fundação Amazônia Sustentável (FAS) é uma instituição sem fins lucrativos que realiza iniciativas direcionadas à educação complementar e vocacional para fortalecer e valorizar as oportunidades de aprendizagem e os saberes tradicionais das comunidades amazônicas.
Confira algumas ações da fundação, segundo Fabiana Cunha, gerente do programa de educação das FAS:
Educação complementar: oferta de atividades que fortalecem o aprendizado, estimulam o pensamento crítico e ampliam o repertório cultural dos estudantes, por meio de oficinas de educomunicação, arte, leitura, esportes, música e outros.
Formação de jovens e lideranças comunitárias: programas voltados à capacitação de lideranças e ao desenvolvimento de novas habilidades, com ênfase em sustentabilidade e empreendedorismo, preparando jovens e moradores para atuarem como agentes de transformação local.
Educação ambiental: iniciativas que promovem a conscientização sobre as mudanças climáticas, a importância da conservação da floresta e o uso sustentável dos recursos naturais.
Formação de educadores e gestores escolares: apoio à melhoria da qualidade da educação nos territórios, por meio de formações continuadas e do intercâmbio de práticas pedagógicas inovadoras.
Parcerias institucionais: colaboração com universidades, secretarias de educação e organizações da sociedade civil, ampliando o alcance e o impacto das ações educativas.
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Por Lucas Afonso
Jornalista