PUBLICIDADE
O modelo de aula a ser oferecido, nas mais variadas disciplinas, é uma preocupação central do professor interessado em tornar sua própria disciplina mais interessante. No que tange ao ensino de História, muitos professores se preocupam em romper com as aulas centradas em sua capacidade de narrar a história. Neste tipo de aula, a capacidade de interpretar o passado se transforma em um exercício próprio ao professor e estranho à figura do aluno.
Ainda hoje, em diferentes instituições de ensino, percebemos que os professores capazes de dominar quarenta ou cinquenta minutos de sua aula e com a capacidade de narrar o passado são visivelmente prestigiados. Estes são vistos como grandes detentores de saber e, ao mesmo tempo, como discursantes bem articulados capazes de repassar de forma fácil e pronta aquilo que se faz necessário saber sobre o passado.
Contudo, mesmo não negando a importância da capacidade de narrar, devemos perceber que este modelo de aula impede o contato do aluno com os elementos que permitem a construção das narrativas históricas. Em uma perspectiva ainda mais problemática, notamos que esse tipo de aula muitas vezes faz com que o aluno veja a História como um tipo de saber livresco, onde não há reflexões sobre a necessidade de se saber História e como ela se constitui.
Há poucos anos, percebemos que as normas curriculares e os próprios especialistas nas áreas de ensino se preocupam em rever esse tipo de História a ser ensinada. Nessa mesma época recente, dada as várias revoluções vivenciadas na própria historiografia, vemos que este modelo tradicional de aula vem perdendo lugar para outras propostas. Não raro, esse esforço de renovação pretende protagonizar o aluno na construção do conhecimento histórico.
Entre essas propostas, devemos destacar a chamada aula-oficina, que rompe de forma rica com os moldes passivos e tradicionais de ensino. Tal modelo, pesquisado pela historiadora Isabel Barca, privilegia a construção de uma aula incialmente organizada por um tema e um conjunto de objetivos a serem atingidos com o debate em sala de aula.
Feitas essas primeiras definições, a aula-oficina prossegue com a organização de questões onde o professor, por meio das respostas oferecidas, detecta as noções e ideias que seus alunos possuem sobre o tema. Mediante a análise das informações coletadas, o professor então detecta quais seriam os recursos e fontes documentais mais eficientes para dialogar com as ideias apresentadas pelos alunos.
Por meio de tal ação, o professor molda a investigação do passado por meio das demandas apresentadas pelos seus alunos. Sem dúvida, notamos aqui que a aula-oficina visa claramente romper com as situações em que o ensino de história se mostra distante do aluno ou radicalmente centrado na figura do professor.
Cumprida a investigação do tema por meio dos documentos selecionados, o professor ainda pode finalizar a experiência de compreensão do passado realizando um novo levantamento de questões. Nessa última etapa, o professor questiona os alunos sobre como a aula oferecida na oficina reorientou suas noções anteriores sobre o tema investigado. De tal forma, tanto professores como alunos conseguem perceber o ganho histórico-cognitivo oferecido pela oficina.
Por Rainer Gonçalves Sousa
Colaborador Canal do Educador
Graduado em História pela Universidade Federal de Goiás - UFG
Mestre em História pela Universidade Federal de Goiás - UFG