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A dinâmica do lençol e o ensino de História Medieval

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Ao estudarmos a Idade Média, devemos ampliar nossa visão para enxergarmos todo o contexto e não somente os males gerados.

Chamamos de Idade Média o período compreendido entre o final do século IV e o início do século XV. Esse período foi marcado por constantes guerras financiadas pela Igreja Católica. O homem medieval baseava sua ideologia na fé. Como os maiores detentores de conhecimento eram os membros clericais, esse conhecimento era controlado com o intuito de manipular o homem para explorar seus serviços em prol da Igreja. O homem tinha que viver para a Igreja, lutando, trabalhando, pagando por ela em troca da sua salvação espiritual. Caso contrário, sua alma amargaria inúmeras desgraças quando o mesmo falecesse.

Durante o século XVI, o conceito de Idade Média foi teorizado como um período negro para a História. Um tempo de ignorância e decadência por conta da inexistência de liberdade intelectual. Já no século XX, esse conceito foi sendo reescrito. Estudiosos conseguiram ver a grande importância da Idade Média para a história do mundo, isolando os fins e dissecando os meios. O eixo central da pesquisa não era mais “o que aconteceu” e sim “como aconteceu”. E o fator principal para se chegar a tal premissa foi ampliar a visão e se ater ao óbvio. As cruzadas foram expedições que saquearam, mataram e catequisaram pessoas à força, organizadas pela Igreja? Sim. Mas quais os fatores que desencadearam a crise no Império? Em que contexto histórico se encontrava Roma? Por qual motivo a Igreja cometeu tamanhas atrocidades? O principal objetivo da dinâmica do lençol é ampliar a visão do aluno para fazer com que o mesmo enxergue a história como um todo e não somente por capítulos. É mostrar que, às vezes, a resposta está na nossa frente e, por estarmos carregados de preconceitos, encontramos dificuldades para enxergá-la.

Para preparar esta dinâmica você precisará de um lençol branco e uma caneta preta. Pegue a caneta e faça um pequeno ponto preto em qualquer lugar do lençol. Adiante estenda o lençol e peça que os alunos digam o que estão vendo ali. A maioria dos alunos diz estar vendo um ponto preto no lençol. Depois de ouvi-los, conclua a dinâmica dizendo que o que está na frente de todos nada mais é que um lençol branco. O preconceito, a ignorância e o excesso de futilidades não nos permite ver o lençol branco e toda sua extensão. Só conseguimos ver um minúsculo ponto preto. Assim também é o estudo da História Medieval. Não conseguimos enxergar os mocinhos. Só enxergamos os vilões (no caso, a Igreja Católica). Mas não tentamos entender se havia a possibilidade de ser diferente. Não paramos pra pensar que, se não fosse a Igreja, seria a Monarquia (e seus analfabetos) que iria nos administrar, pois a História é formada por controladores e controlados. E então como seria?

Essa dinâmica foi associada ao ensino de História Medieval pela complexidade dos acontecimentos e porque o ponto mais criticado pelos estudiosos é a ignorância e o excesso de fé dos medievos. Mas caberia muito bem no ensino de História do Brasil, principalmente no capítulo que discorre sobre nossa colonização. 

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Por Demercino Júnior
Graduado em História
Equipe Brasil Escola