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No desenrolar das discussões que envolvem a história, muitos professores tendem a realizar um monopólio em cima das questões a serem reveladas em sala de aula. Em alguns momentos, a onipresença de sua fala impede que os alunos percebam que a compreensão do passado vai muito além do livro didático ou daquilo que é repassado pelo docente. Para que não incorramos nesse hábito dotado de problemas, incentivamos a todos os professores a exporem as vozes contidas no próprio passado.
Na sugestão aqui apresentada, discutiremos as relações políticas entre os Estados Unidos e as nações latino-americanas depois da Segunda Guerra. Nesse contexto, o professor deve salientar como a hegemonia política e ideológica norte-americana foi sendo constituída por meio de várias ações políticas. Entre tantas outras, o programa de auxílio financeiro conhecido como “Aliança para o Progresso” foi uma das mais expressivas tentativas de aproximação entre o “Tio Sam” e o restante da América Latina.
Este acordo, assinado em 1962, pouco tempo depois da Revolução Cubana, assinala junto aos alunos o conjunto de ações disseminadas pelos Estados Unidos no intuito de impedir a expansão do ideário socialista no resto do continente. Por vezes, a discussão sobre essas manobras e estratégias de controle faz com que o aluno tenha a errada impressão de que tais tensões políticas seriam veladas e, por isso, passavam longe do conhecimento daqueles que viveram tal época.
Para que esse tipo de compreensão dos sujeitos do passado seja relativizada, sugerimos ao professor um trabalho com a seguinte charge do início da década de 1960:
Elaborando uma atividade de interpretação dessa charge em sala de aula, o professor pode montar um variado roteiro de questões. Entre outros pontos pode pedir que os alunos identifiquem cada uma das personagens presentes na peça e interprete os elementos e ações reproduzidas no documento. É interessante questionar, por exemplo, qual o significado da “América Latina” fumar um cigarro “cubano” e porque o suposto americano que a acompanha tampa seu nariz enquanto tenta apagar o cigarro.
Buscando salientar uma relação entre os conteúdos apresentados em sala, essa mesma atividade poderia pedir que o discente explicasse qual elemento da charge poderia simbolizar a “Aliança para o Progresso”. Discutindo as produções de cada um dos alunos, abre-se uma excelente oportunidade para colocar a classe mediante um período da história valendo-se da ótica produzida por aqueles que vivenciaram esse tempo.
Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola