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A heteronímia em Fernando Pessoa

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A heteronímia em Fernando Pessoa é um fenômeno que merece ser analisado e refletido

Falar sobre Fernando Pessoa é, antes de tudo, falar sobre um dos maiores poetas da Língua Portuguesa. Essa grandiosidade e essa complexidade, quando propagadas no ambiente de sala de aula podem ser efetivamente aproveitadas, com vistas a “colher” bons frutos do trabalho didático nelas baseado.  

Caso assim seja, certamente os alunos terão condições de entender algumas produções não mais como meros dizeres sem sentido, sem significado, como, por exemplo:

“Tudo vale a pena quando a alma não é pequena”.

“O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que leem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração”.


Mesmo porque as aulas de Literatura, quando não conduzidas no sentido de proporcionar a reflexão, no sentido de fazer com que os educandos se “deleitem” com a magia das palavras presente em cada linha poética, tendem a se tornar enfadonhas, desvalorizadas. Tal aspecto somente é conquistado a partir da postura do educador em promover essa tão necessária interação. A começar dele, pois ao ler um poema, recursos usados na oralidade tais como, gestos, entonação, timbre de voz, melodia, entre outros aspectos, fazem toda a diferença. 

Imaginemos, pois, uma situação na qual o educador opte por ler um texto poético com se estivesse lendo uma notícia jornalística ou qualquer texto escrito em prosa. Onde fica a emoção? A subjetividade? O lirismo presente no “eu” poético?

Eis um fato a ser repensado, caso algumas posturas metodológicas porventura contrariem tal posicionamento. Mas, afinal, vamos ao encontro do intento que norteia o artigo em questão – apresentar algumas propostas com base na heteronímia pessoana. Como suporte bibliográfico, o educador poderá valer-se do texto “Fernando Pessoa e seus heterônimos” .
Como sugestão inicial, torna-se fundamental que o educador permita que que educandos se familiarizem mais com o poeta em questão. Para tanto, uma alternativa viável é falar sobre ele, revelando tudo acerca de sua personalidade complexa, de seus heterônimos (nesse momento é importante fazê-los distinguir heterônimo de pseudônimo – característica essa que pode remeter ao contexto árcade, revelando algo sobre Cláudio Manoel da Costa, cujo pseudônimo era Glauceste Satúrnio). Em meio a esse ínterim, importante também é enfatizar a questão da genialidade do poeta que, ao criar novos personagens, dotava-os de personalidades específicas, as quais demarcavam cada estilo a que o autor se dedicou.

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Num segundo momento, após ter proporcionado um contato dos educandos frente ao fenômeno heteronímico, levando-se em consideração todas as características que o demarcam, uma boa pedida é distribuir vários poemas e, numa atitude completamente neutra – sem nada a revelar–, sugerir que os educandos identifiquem em cada um deles a autoria: se Álvaro de Campos, Ricardo Reis, Fenando Pessoa ou Alberto Caeiro. Para que a proposta se torne ainda mais rica e complexa, viável é debater brevemente as características encontradas por meio de uma leitura reflexiva, com vistas a chegar a uma conclusão definitiva.

Finalmente, aproveitando também para avaliar a habilidade da escrita no tocante às aulas de Redação, que tal sugerir que cada um crie seu heterônimo e dê asas à imaginação ao produzir belas e incomparáveis poesias? Elas certamente merecerão lugar de destaque num sarau, numa tarde literária promovida a toda comunidade escolar, para que assim os autores possam ser devidamente reconhecidos e valorizados perante algumas habilidades que muitas vezes permanecem ocultas, adormecidas. São estrelas prontas para irradiar brilho e beleza, é só aproveitar!!!

Por Vânia Duarte
Graduada em Letras
Equipe Brasil Escola

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