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A amplitude de assuntos que circundam a História, em muitas ocasiões, promove a seleção de determinados assuntos e detrimento de outros. Quando falamos sobre discriminação racial, por exemplo, sempre tendemos a acreditar que a relação de conflito entre negros e brancos encerra a questão. Contudo, podemos ver que o problema do preconceito e da discriminação se voltou contra outros grupos.
No século XIX, a expansão da economia cafeeira e a retração do comércio de escravos motivaram vários produtores a importarem mão de obra de outras nações. Em pouco tempo, povos de diferentes nacionalidades viriam a redesenhar as relações de trabalho no país e promover uma nova seara de questões. Nesse aspecto, pretendemos destacar aqui alguns documentos que nos revelam o repúdio contra os povos orientais.
Pra realizar esse trabalho, sugerimos que o professor trabalhe com duas interessantes documentações em que notamos a desconfiança de nossas autoridades médicas e políticas com relação à entrada dos “chineses”.
Primeiramente, destacamos a fala do médico Domingos José Nogueira Jaguaribe Filho, que, em 1878, registrou os seguintes dizeres na obra “Reflexões sobre a colonização no Brasil”:
Por toda parte onde se introduziram os chineses, os seus crimes, a indolência para os trabalhos rudes, a propensão para o roubo, os têm de tal modo fotografado que o molde existe por onde quer que eles passem.
Logo em seguida, o professor pode salientar o discurso de um deputado provincial paulista, que realizou a seguinte constatação no ano de 1880:
(...) Nós, senhor presidente (presidente da Assembleia Legislativa), não queremos o chinês para conviver conosco, para aliar-se às nossas famílias, para envolver-se em nossa vida pública (...). o chinês é refratário à civilização do ocidente; o chinês, ciosos de suas tradições, é egoísta, não se envolve nem na nossa vida política, nem na nossa vida privada..
Através destas duas citações, podemos observar que a entrada de imigrantes no Brasil empreendeu o despertar de noções raciais que inferiorizavam os povos orientais. De fato, essa visão negativista se assentava em teorias que transitavam a ciência do século XIX. Nessa época, vários intelectuais defendiam a existência de uma hierarquia de raças em que negros e orientais ocupavam uma posição inferior por causa de certas imperfeições de ordem física, moral e psicológica.
Hoje em dia, bem sabemos que essas teorias raciais não têm respaldo científico. Entretanto, podemos observar por meio destes documentos que a discriminação se manifesta em várias instâncias e, no caso do Brasil, não se limitou ao universo da população negra. Caso tenha interesse, o professor pode encerrar este conteúdo expondo as influências orientais na cultura brasileira.
Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola