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“A língua das Mariposas" e a Espanha em 1930

A proposta de aula tem por base o filme “A língua das mariposas” para analisar a Espanha em 1930, às vésperas da Guerra Civil.
Ambientado na década de 30, o filme “A língua das Mariposas" mostra a situação social espanhola antes da subida ao poder do general Franco.*
Ambientado na década de 30, o filme “A língua das Mariposas" mostra a situação social espanhola antes da subida ao poder do general Franco.*
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A proposta de aula apresentada neste texto tem por ponto de partida o filme “A língua das mariposas”, de José Luís Cuerda, que é ambientado em uma vila da Galícia, no norte da Espanha, em um período imediatamente anterior à eclosão da Guerra Civil Espanhola. O objetivo principal é proporcionar com o filme uma análise das mudanças sociais e políticas ocorridas na Espanha com a criação da segunda República em 1931 até a eclosão da Guerra em 1936.

O filme conta a história de Moncho, um garoto que vivenciará seus primeiros dias na escola. Entretanto, o histórico de repressão e violência do país se manifesta na escola com a imposição da autoridade do professor através da violência sobre seus alunos, o que amedronta o garoto nas vésperas de seu primeiro dia de aula. A consequência do medo de Moncho se manifesta quando é chamado pelo professor, Don Gregório, a se apresentar à sala. Neste momento, os demais alunos gritam seu apelido, pardal, e o menino passa a urinar na frente da sala. A reação imediata é a fuga de Moncho da escola, que se esconde numa mata, sendo encontrado apenas à noite.

Sentindo-se responsabilizado, Don Gregório se dirige à casa de Moncho para pedir a ele e a seus pais desculpas pelo ocorrido, iniciando uma forte amizade com o garoto e sua família. As atitudes de Don Gregório se mostram diferentes dos demais professores da Espanha na década de 1930, pois sua relação com os alunos é pautada no respeito e na não aplicação da violência nos processo de ensino-aprendizagem. O pequeno Moncho se encanta com o novo professor, passando a descobrir um mundo totalmente novo.

Para o professor, o filme serve como uma base de reflexão sobre o significado da educação e a atuação do professor com seus alunos, como possibilidade de despertar interesse em sala de aula. Logicamente que apenas como princípios de trabalho educacional, já que o contexto histórico contemporâneo e o da Espanha de 1930 são completamente diferentes.

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Para os alunos, o professor pode conduzir um debate sobre as condições sociais e históricas anterior à eclosão da Guerra Civil, inclusive como introdução ao conteúdo sobre os fascismos. A postura de Don Gregório em sala de aula desperta discordância tanto entre um fazendeiro da região, que acredita que seu filho apenas aprenderá os conceitos matemáticos caso o professor o agrida, quanto de um pároco, que questiona o professor sobre o fato de Moncho saber menos sobre o conteúdo bíblico do que é ensinado na escola.

A educação libertária de Don Gregório advém de sua posição política e social como anarquista, o que durante o desenrolar do filme o fará se aproximar de alguns republicanos, como o pai de Moncho, e também se indispor com os defensores da monarquia, como o pároco. Além disso, o filme proporciona cenas contraditórias que permitem uma interessante reflexão sobre o medo da perseguição política a que estavam sujeitos os republicanos, principalmente no interior espanhol. Cenas de confraternização do aniversário da República são seguidas do início da repressão franquista, com a prisão e esculacho público de todos os que são considerados “vermelhos”. É o desfecho do filme que permite mostrar os limites que as pessoas podem estar dispostas a enfrentar para mudar uma realidade vivenciada. A amizade construída entre Don Gregório e Moncho é substituída no final por uma sequência de xingamentos proferida pela população e pelo menino quando os presos são encaminhados para uma prisão franquista, indicando que o medo do passado os impedia de lutar pelo futuro.

A proposta é que após o filme seja formada uma roda de debate, com o professor utilizando a técnica de “tempestade de ideias”, escrevendo no quadro palavras que os alunos acreditam expressar o entendimento deles sobre o filme. A partir destas palavras teria início o debate, buscando inserir os elementos apontados no filme no contexto histórico da Guerra Civil espanhola.

* Créditos da imagem: Olga Popova e Shutterstock.com