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Ao discutir a questão agrária no Brasil, o professor enfrenta o sério desafio de colocar em xeque uma série de opiniões mal elaboradas que os alunos facilmente reproduzem em sala de aula. Em muitas ocasiões, os movimentos de luta pela terra são representados de forma criminosa por alguns alunos que simplesmente repetem falas e discursos realizados por seus pais. Contudo, isso não obriga o professor a desmerecer as noções que o aluno traz para a sala de aula.
Munido de informações que expõem a estrutura fundiária brasileira, pode-se revelar de que modo a distribuição de terras aconteceu em nosso país. Sob tal aspecto, vale ressaltar que a distribuição de sesmarias e a economia baseada na plantation foram elementos fundamentais para que o modelo agrário baseado na grande propriedade se consolidasse enquanto processo de caráter histórico. Sendo assim, a discussão se orienta em argumentos sólidos que permitem a contemplação do mesmo tema na atualidade.
Caso ache interessante, relate aos alunos sobre o impacto da Lei de Terra de 1850, que estabeleceu artifícios que mantiveram o acesso às propriedades sob o privilégio dos ricos latifundiários da época. Desse modo, a exclusão de grande parte da população menos favorecida deixa de ser um mero discurso político e ideológico para então se fundamentar em uma argumentação capaz de revelar o tema como um problema de grande relevância em nossa sociedade.
Feitas essas considerações, sugerimos ao professor o trabalho de uma interessante charge do cartunista Angeli em que ele aborda a questão com o tema “Terra para todos”.
Por meio da observação e análise dessa obra, o professor pode requerer dos alunos a formulação de um breve texto opinativo sobre o modo que Angeli aborda o tema. Nesse sentido, vale ressaltar o aspecto irônico da obra em que o título da charge se contrasta com a surreal imagem de um fazendeiro que enxerga a sua grande extensão de terras como o resultado do acúmulo das propriedades de seus antepassados. Assim, o “todos” do título se refere apenas às gerações que antecederam o proprietário.
Caso queira concluir a discussão de modo equilibrado, recomendamos que o professor encerre a aula expondo alguma reportagem que critique as ações dos movimentos de luta pela terra. Ao expor a questão desse modo ele pode, ao mesmo tempo, admitir o problema do acesso a terra e indicar como o problema é tratado na atualidade. A partir da divergência de opiniões, seria possível expor os dois lados dessa questão ainda tão polêmica.
Por Rainer Sousa
Mestre em História
Equipe Brasil Escola