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Ao longo da história a relação entre o homem e o seu meio foi item de fundamental importância na chamada luta pela sobrevivência. Atualmente, com o desenvolvimento das ciências e o processo de racionalização dos meios produtivos, as sociedades se preocupam em extrair da natureza as suas demandas de consumo. A biologia, a química a genética e a agronomia são alguns dos campos onde os usos da natureza são exaustivamente desenvolvidos.
No entanto, podemos demonstrar aos alunos de que forma esse processo de compreensão da dominação da natureza envolvem formas de explicação que extrapolam o campo da ciência. Ainda hoje, não é possível controlar a natureza de maneira absoluta. Para obter boas colheitas, criar animais ou outros recursos naturais o homem precisa contar com a regularidade de determinados ciclos naturais que nem sempre acontecem de forma previsível.
Durante a Antigüidade, essa relação de dependência do homem com a natureza fundou muitas das crenças religiosas desse período. Por isso, o professor pode estabelecer a idéia de que boa parte dos povos dessa época adotava diversos elementos da natureza como deuses ou representantes de alguma divindade. Para exemplificar a ocorrência dessas práticas podemos oferecer o exemplo da chamada “Oração do Nilo”.
Um primeiro ponto interessante a ser considerado é o fato dos egípcios terem uma prece voltada para um rio. No relato deste documento é possível salientar as ordens introdutórias que dizem: “Salve, tu, Nilo! / Que te manifestas nesta terra / E vens dar vida ao Egito!”. É interessante salientar de que maneira o Nilo é personalizado como o responsável pela sustentação da vida do povo egípcio.
Outro ponto de relevância na análise do documento pode ser a maneira como o Nilo se integrava a diferentes instâncias da sociedade egípcia. Seu poder de ação era tão privilegiado que o rio Nilo era capaz de dominar a própria natureza. Nesse aspecto, podemos destacar os versos que dizem “Tu fazes viver todo o gado... Nenhum pássaro pousa nas colheitas... Tu crias o trigo, fazes nascer o grão”.
Dessa forma, os alunos podem vislumbrar de que maneira a prosperidade material trazida pelo extenso e caudaloso fazia com que o mesmo fosse considerado um ser de vontades próprias capaz de articular a existência e a crença dos povos egípcios. Para finalizar esse trabalho de investigação da sociedade egípcia por meio da análise documental, o professor ainda pode demonstrar como esse tipo de prática não se isolou entre os povos da Antigüidade.
Oferecendo o devido material de apoio, o professor pode levar alguma reportagem ou entrevista que discorra sobre algum tipo de festa vinculada à colheita de algum gênero agrícola. Em alguma revista ou site podem ser encontrados relatos onde as festividades da colheita são realizadas com algum tipo de culto religioso. Dessa forma, podemos mostrar que as aproximações entre a natureza e o pensamento religioso ainda são presente em nosso dia-a-dia.
Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola