Whatsapp
Novo canal do Brasil Escola no
WhatsApp!
Siga agora!

A subjetividade textual e o despertar da oralidade

Imprimir
Texto:
A+
A-

PUBLICIDADE

Motivação - Um auxílio rumo ao desenvolvimento das habilidades

Um dos entraves com os quais o educador se depara durante a realização de sua prática docente é a dificuldade apresentada pelos alunos no que se refere à expressão de ideias e exposição de argumentos, uma vez que a problemática evidencia-se tanto na fala quanto na escrita.

O presente fato decorre, entre outros fatores, pela falta de incentivo oriunda, na maioria das vezes, do próprio professor que, mediante a atribuição de algumas metodologias tidas como ineficazes, corroboram tão somente, para o insucesso dos objetivos pretendidos.

Considerando que o aluno se apresente como alguém passível de ser moldado, cabe ao professor investir em recursos diferenciados rumo ao crescimento pessoal e cognitivo do mesmo.

E dentre estes recursos, torna-se relevante nos atermos ao despertar das competências e habilidades múltiplas, às quais se assemelham a uma obra de arte, que por meio de suaves toques, vai tomando forma e se transformando num instrumento de rara beleza.

Rumo à realização dos propósitos firmados, elencaremos como suporte pedagógico a subjetividade presente nos textos literários de uma forma geral, pois linguisticamente falando, os mesmos permitem uma multiplicidade de interpretações, em razão do emprego da linguagem figurada.

Estes, portanto, tornam-se ferramentas ideais no que concerne ao aprimoramento da oralidade apoiando-se na análise discursiva. Os dizeres que aparentemente parecem ser limitados e óbvios, na verdade escondem fontes inesgotáveis de uma representatividade puramente realista e ideológica da humanidade.

Tornando em prática o que foi dito, cita-se um conhecido poema de Manuel Bandeira:

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

O Bicho

Vi ontem um bicho
Na imundice do pátio
Catando comida entre os detritos
Quando achava alguma coisa
Não examinava nem cheirava
Engolia com voracidade
O bicho não era um cão
Não era um gato
Não era um rato
O bicho, meu Deus, era um homem.

Manuel Bandeira

Realizada uma leitura atenta do poema, surge o momento de uma discussão coletiva acerca do discurso, uma vez que o mesmo trata-se das relações humanas aliadas à desigualdade social.

Tal atividade proporcionará a oportunidade de o educador fazer com que os alunos despertem para o além do visível, ou seja, aprimorem a habilidade em expor seus argumentos acerca dos problemas sociais, contribuindo assim para um despertar do senso crítico na condição de verdadeiros cidadãos, conscientes da realidade que os cerca.

A mesma contribuirá também para outras disciplinas, como é o caso da Produção Textual, na qual os alunos poderão elaborar uma carta argumentativa endereçada a alguma autoridade no sentido de alertá-los para a polêmica. Ou até mesmo colocando-se na posição de redatores de algum jornal, pautando-se pelo mesmo objetivo e produzindo um Editorial ou um Artigo de Opinião.

Por Vânia Duarte
Graduada em Letras
Equipe Brasil Escola