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Em época de Copa do Mundo, vemos diversas pessoas que saem às ruas vestidas com as cores da nação a fim de torcerem para aquele time de jogadores que representam o país. Para muitos, esse tipo de manifestação se mostra importante na medida em que fomenta uma espécie de mobilização que reforça os laços de identidade para com a nação brasileira. Para outros, não passa de uma empolgação passageira que em nada salienta a preocupação do povo para com o país.
Levantando essa questão do patriotismo, o professor pode questionar junto à turma se, em algum momento, as manifestações artísticas e culturais do Brasil estiveram focadas em pensar a nação brasileira. Em um primeiro instante, recomendamos que o professor questione junto aos alunos se eles conhecem algum tipo música, quadro ou qualquer manifestação artística que tenha a nação brasileira como a sua principal fonte de inspiração.
Feita essa primeira discussão, o professor pode apresentar o recorte histórico da sua aula falando um pouco sobre a situação política e social do país durante a década de 1960. Entre outros pontos, vale a pena salientar de que forma a defesa dos interesses nacionais aparecia representada nas tendências políticas da época e quais eram os principais temas discutidos por aqueles que consumiam de seu tempo e energia para falar sobre a realidade brasileira.
Com a realização dessa explanação preliminar, indicamos ao professor a utilização de um pequeno texto que expõe as principais manifestações do cenário artístico brasileiro na década de 1960. Por meio da leitura em grupo, avaliamos a promoção de um interessante trabalho sobre o tema. Segue o trecho:
Nos festivais da canção, músicas de jovens compositores expressavam os sentimentos de protesto de toda uma geração. Nos Teatros Opinião, de Arena e Oficina, montavam-se shows e peças revolucionárias sobre a realidade do país. A rebeldia ganhava as artes plásticas, enquanto o Cinema Novo buscava uma nova linguagem para exprimir a identidade nacional. Seria, aliás, a criação de uma verdadeira cultura brasileira o objetivo principal do movimento que foi chamado de tropicalismo.
(Américo Freire, Marly Motta e Dora Rocha, História em curso: o Brasil e suas relações com o mundo ocidental)
Por meio desse trecho, observamos a constituição de um panorama amplo capaz de fazer menção aos principais movimentos artísticos que se consolidaram nessa época. Ao longo da fala, saliente junto à turma os adjetivos reservados a cada um dos movimentos em questão. Termos como “sentimentos de protesto”, “peças revolucionárias”, “rebeldia”, “identidade nacional” e “verdadeira cultura brasileira” abrem caminho para uma investigação mais cuidadosa sobre tais manifestações artísticas.
Desse modo, sugerimos que o professor organize grupos entre a turma e depois pesquisem especificamente cada um desses movimentos que marcaram a década de 1960. Os festivais da canção, o Tropicalismo, o Cinema Novo, o Teatro Opinião entrariam em voga como peças de um mesmo contexto. Na medida em que cada pesquisa fosse apresentada, o professor poderia montar junto à turma um quadro comparativo que destacasse as similaridades e diferenças que distinguiram cada uma destas manifestações.
Além de conhecer os movimentos que marcaram essa época, o aluno tem a grata oportunidade de averiguar como os mesmos falavam e pensavam o Brasil. De tal modo, a arte se transforma em um excelente subterfúgio para se colocar em questão o nacionalismo arquitetado nesse outro contexto histórico.
Por Rainer Sousa
Mestre em História
Equipe Brasil Escola