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No trato das grandes guerras e chefes militares que marcam a história, existem questões bastante pertinentes a serem trabalhadas com os alunos em sala de aula. Ao anunciar a ação de uma conquista, os alunos podem muitas vezes compreender essa como sendo uma situação calcada pela simples oposição de forças. Em outras palavras, nosso jovem interlocutor pode imaginar a guerra como uma disputa de forças onde um envolvido tenta, de alguma forma, subjugar o seu inimigo.
Em geral, esse tipo de senso comum pode ainda ser reforçado pela grande quantidade de filmes e outras histórias ficcionais que tendem a criar, as conhecidas “lutas do bem contra o mal”, por exemplo. Entretanto, cumprindo sua função de mediador do conhecimento, o professor de História pode questionar junto aos alunos se todos os processos de conquistas encontrados no passado podem ser julgados dessa mesma forma.
Para viabilizar esse tipo de questionamento, o docente pode realizar um interessante trabalho demonstrando um mapa com as conquistas feitas pelo imperador macedônico Alexandre, o Grande. Ao expor a vasta extensão dos domínios por ele controlados, o mestre pode indagar aos alunos como esse sujeito teria sido capaz de dominar tantas regiões. Nesse instante, é de suma importância registrar algumas das opiniões a serem proferidas a esse respeito.
Passado esse momento de participação, o professor pode mostrar à turma um curioso documento que revela a postura política adotada por esse estadista quando, no caso, dominou a civilização persa. Em um decreto de 331 a.C., o chefe de Estado da Macedônia dizia:
“Cada um deve observar as religiões e os costumes, as leis e as convenções, os dias festivos e as comemorações que observavam nos dias de Dario. Cada um deve permanecer persa em seu modo de vida, e viver em sua cidade (...). Porque eu desejo tornar a terra bastante próspera e usar as estradas persas como pacíficos e tranqüilos canais de comércio.”
A partir desse relato, é possível inserir toda a turma em um processo de compreensão daquilo que foi proferido por Alexandre. Em primeiro lugar, seria interessante destacar quem seria o tal Dario citado pelo próprio imperador. Com uma rápida pesquisa em livros didáticos, os alunos poderão descobrir que se tratava justamente do rei que fora derrotado por Alexandre, o Grande, durante as batalhas que marcam o processo de dominação dos persas.
Depois dessa pequena questão, seria viável pensar sobre a postura adotada por esse imperador da Antiguidade junto aos povos que dominou. Nesse ponto, a turma pode facilmente detectar o respeito à cultura daqueles povos que agora deveriam se submeter ao governo macedônico. Em seguida, a aula pode adentrar uma discussão rica e polêmica sobre as motivações que levaram Alexandre a preferir esse tipo de ação.
Nessa etapa é interessante questionar junto à turma sobre a preocupação de Alexandre em tornar as vias de circulação do mundo persa em “pacíficos e tranquilos canais de comércio”. Podemos ver que o monarca não desejava simplesmente ser benevolente, mas também assegurar seus interesses econômicos. Com isso, podemos mostrar aos alunos que as formas e interesses que giram em torno de um processo de dominação são muito mais complexos do que possamos talvez imaginar.
Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola