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Aula contextualizada sobre separação de misturas

Este artigo apresenta uma proposta de aula contextualizadora que relaciona as etapas do tratamento de água com os métodos de separação de misturas.
Ajude seus alunos a compreender a importância da preservação dos mananciais de água e dos custos e trabalhos envolvidos em seu tratamento
Ajude seus alunos a compreender a importância da preservação dos mananciais de água e dos custos e trabalhos envolvidos em seu tratamento
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Tanto os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB nº 9.394/96) exigem que os professores façam adaptações na sua maneira de ensinar, de modo que se estruturem em dois eixos principais: a interdisciplinaridade e a contextualização. Além disso, o professor da educação básica, incluindo o professor de Química, tem o dever de ajudar na preparação do educando para o exercício da cidadania.

Nos textos Contextualização, Interdisciplinaridade: Obstáculos Epistemológicos e Motivações para sua Prática e Ensino de Química para formar cidadãos, você poderá ver melhor o que representa cada uma dessas facetas exigidas em sala de aula e da importância de sua aplicação.

Muitos conteúdos de química são transmitidos para os alunos sem a devida contextualização, interdisciplinaridade e sem ligar para a formação de cidadãos capazes de tomar decisões fundamentadas em informações e que conseguirão levar em consideração as consequências de seu posicionamento em questões importantes na sociedade.

Um desses conteúdos é o de “Métodos de separação de misturas”. Geralmente, os professores apenas apresentam o que estes métodos envolvem e dão pequenos exemplos de cada um. Isso não é contextualizar.

Assim, o presente artigo visa fornecer uma ideia para que os professores de química possam se basear para transmitir o conteúdo de separação de misturas. Com as informações que serão apresentadas em mente, o professor poderá fazer adaptações de acordo com as necessidades de cada escola, alunos ou região.

Um dos maiores problemas que o ser humano teme enfrentar é a falta de água potável para todos. Apesar de o nosso planeta ser composto de 70% de água, a grande maioria se encontra na forma salgada (96,11%), apenas 2,75% é água doce, que está presa em geleiras, lagos, rios e no subsolo. A poluição e degradação das fontes de água doce pelo ser humano têm dificultado cada vez mais a obtenção de água potável. Meios para sua obtenção tornam-se cada vez mais caros e trabalhosos.

Esse é um tema muito importante que não pode ser descartado pelo professor. Os alunos precisam saber de aspectos tais como a poluição das águas e como é feito o seu tratamento e desinfecção para o consumo público. Portanto, esse será o tema central usado como eixo contextualizador na transmissão do conteúdo de separação de misturas.

O professor pode, então, apresentar as principais etapas aplicadas nas Estações de Tratamento de Água (ETAs). A água que é tratada nessas estações vem de rios, lagos, represas ou do subsolo, que chegam lá por meio de adutoras, que são canalizações de tubos com grandes diâmetros e com dezenas de quilômetros de comprimento.

A seguir, são apresentadas as principais técnicas de separação de misturas aplicadas nas ETAs, que são a filtração, a coagulação ou floculação, a sedimentação e a decantação. Para enriquecer o conhecimento dos alunos e suas experiências acumuladas, se for possível, programe uma visita à ETA de sua cidade.

  • Filtração:

- O que é: Usa-se um filtro (material poroso) no qual o sólido fica retido, enquanto que o líquido passa.

- Aplicação na ETA: Para que peixes, plantas e detritos não passem junto à água que será tratada, são colocadas grades que funcionam como grandes filtros. Sem o lixo pesado, iniciam-se os processos físico-químicos de separação de misturas com a utilização de produtos químicos.

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Resíduos maiores sendo retidos por filtros em estação de tratamento de água

  • Coagulação ou Floculação:

- O que é: Método usado para separação de misturas coloidais, cujas partículas ficam em suspensão na parte líquida e possuem tamanho médio entre 1 e 1000 nm. Elas não sofrem sedimentação pela ação da gravidade, ou seja, não vão para o fundo do recipiente com o tempo. São adicionados produtos químicos que atuam como coagulantes, promovendo a aglutinação das partículas em suspensão, transformando-as em flóculos que são mais facilmente separados.

- Aplicação na ETA: Adiciona-se sulfato de alumínio e óxido de cálcio (cal virgem) na água, que atuam como coagulantes. Ela é fortemente agitada para que esses coagulantes químicos se misturem bem. Os flóculos formados contêm compostos de lama, argila e micro-organismos. Depois disso, a água é encaminhada para os tanques de decantação.

Floculação de água poluída

  • Sedimentação:

- O que é: Líquidos imiscíveis ou misturas de sólidos em líquidos são deixados em repouso e, com o tempo, a gravidade faz com que a parte mais densa fique no fundo ou na parte inferior.

- Aplicação na ETA: Nos tanques de decantação, a água que contém os flóculos fica em repouso durante cerca de quatro horas. Então, os flóculos de impureza que são mais densos que a água sedimentam-se, ficando no fundo desses tanques e formando um material gelatinoso.

Tanques de sedimentação em estação de tratamento de água

  • Decantação:

- O que é: Depois de sedimentado, separa-se lentamente a parte líquida do sólido, geralmente inclinando o recipiente e transferindo para outro. Em laboratório, quando temos uma mistura do tipo líquido-líquido, usa-se um funil de decantação, onde se abre a torneira e o líquido mais denso escoa.

- Aplicação na ETA: O lodo formando no fundo do tanque é periodicamente removido e a parte líquida transborda para tanques menores e menos fundos, que são os filtros rápidos.

Tanques de decantação em estação de tratamento de água

  • Filtração:

- Aplicação na ETA: Essa técnica é empregada novamente, mas agora se utilizam filtros feitos de camadas de areia (75 cm), de cascalho (30 cm) e tijolos especiais com orifícios drenantes. A água passa por esses filtros e as partículas que dão cor, opacidade, cheiro e sabor à água ficam retidas.

  • Aeração ou arejamento:

Introduz-se oxigênio na água por pulverizar ou projetar fios de água através do ar. Essa aeração da água ajuda na remoção do gosto ruim e do cheiro desagradável que ainda possam estar presentes na água.

  • Esterilização ou cloração:

Adiciona-se cloro na água a fim de matar as bactérias e micro-organismos patogênicos. Em algumas estações, a água ainda recebe fluoretos que ajudam na prevenção de cáries da população.

A água é então enviada para as estações de bombeamento, sendo lançada por grandes troncos condutores, que possuem pressão suficiente para levá-la para as casas, lojas e demais 


Por Jennifer Fogaça
Graduada em Química