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O diagnóstico genético pré-implantacional (DGPI) é um procedimento relacionado à reprodução assistida, no qual, antes da implantação do embrião no útero materno, é feita uma análise profunda de suas características, com a finalidade de, por exemplo, excluir a possibilidade de aquela futura criança desenvolver uma doença genética hereditária que correria grandes chances de apresentar, caso o ovócito fosse fecundado pelo espermatozoide através do método natural.
O DGPI é feito a partir da retirada de uma ou mais células do embrião (chamado, neste momento, de blastômero), quando ele apresenta em torno de seis ou oito células, sendo todas elas idênticas, indiferenciadas. Em seguida, tal material é analisado, sendo descartados aqueles embriões que não atendem ao critério esperado.
Se, por um lado, o DGPI se apresenta como uma solução viável, e nobre, para prevenir a incidência de doenças que podem ser fatais, ou que provocam debilidade; tal técnica pode também permitir certos procedimentos questionáveis, como a seleção de bebês com características e habilidades “escolhidas a dedo” pelos pais – inclusive sexo, orientação sexual e manifestação de deficiências que ambos apresentam, como surdez e nanismo (designer babies); e crianças com perfil genético específico, com a finalidade de utilizar suas células-tronco para o tratamento de um irmão doente (bebês medicamento). Além disso, apesar de seus procedimentos serem executados com muita precisão, existe a possibilidade de ser implantado um embrião com o problema que se queria evitar, algo muito complicado, principalmente, se se tratar de um bebê medicamento.
Assim, é necessário, no mínimo, conhecimento, cautela e ética; para que não tenhamos problemas significativos no futuro.
Diante de tudo o que foi exposto, é de grande valia que tal tema seja tratado na escola, com a finalidade de despertar os estudantes para uma temática que pode ser frequentemente discutida no futuro – afinal de contas, quem imaginaria, há cinquenta anos, que seria possível fecundar gametas fora do corpo feminino humano, ou mesmo a viabilidade de se clonar animais multicelulares?
Uma sugestão para tal é, primeiramente, apresentar o tema e discutir seus pontos positivos e aqueles questionáveis, buscando identificar os limites de tal técnica a partir de algumas situações-problema. Em seguida, sugiro que seus alunos, em casa, assistam ao filme “Gattaca” (direção: Andrew Niccol, 1997), e depois façam um trabalho sobre o diagnóstico genético pré-implantacional, caracterizando-o e apontando alguns argumentos favoráveis à técnica e outros em que ela deixa a desejar, ou se deveria ser proibida, ou permitida com ressalvas. Talvez seja interessante disponibilizar, aos estudantes, a CFM nº 1358, de 1992, do Conselho Federal de Medicina, que faz referência a esse procedimento.
Por Mariana Araguaia
Bióloga, especialista em Educação Ambiental
Equipe Brasil Escola