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O assunto que ora nos propomos a discutir aponta um fato de extrema relevância, visto que se encontra amplamente disseminado no cotidiano escolar. Referimo-nos ao caráter hegemônico da escrita que, de forma acentuada, tende a se sobrepor à fala.
Tal hegemonia perdurou mediante os estudos linguísticos por bastante tempo, sob a concepção de que a fala era considerada o lugar do “erro”. Contudo, a situação começou a se reverter após a descoberta de uma ciência que pudesse descrever a linguagem tal qual ela se efetiva entre seus falantes – a Linguística, por intermédio do linguista suíço Ferdinand de Saussure. Suas contribuições, sobretudo no que tangem à Sociolinguística, deram um novo rumo à situação, ao retratar que os fatos linguísticos não se dissociam dos fatos sociais.
Partindo-se dessa premissa, o artigo em questão tem por finalidade enfatizar acerca do trabalho na sala de aula com base na oralidade, com vistas a valorizar as marcas que lhe são inerentes, tais como:
* características de registro de uma situação discursiva oral, concebendo-a como formal e/ou informal;
* tipificação dos gêneros orais, com vistas a adequar a fala de acordo com a circunstância comunicativa, podendo esta manifestar-se sob diferentes estilos: casual, espontâneo ou profissional.
Tal intento torna-se ainda mais reforçado ao citarmos alguns dos objetivos propostos pelo Guia PNLD/2005, os quais retratam:
* Favorecer o uso da linguagem oral na interação em sala de aula, como mecanismo de ensino e aprendizagem;
* Recorrer, portanto, à oralidade na abordagem da leitura e da produção de textos;
* Explorar as diferenças e semelhanças que se estabelecem entre a linguagem oral e a escrita;
* Valorizar e efetivamente trabalhar a variação e a heterogeneidade linguísticas, introduzindo a norma culta relacionada ao uso público ou formal da linguagem oral, sem, no entanto, silenciar ou menosprezar as outras variedades, quer regionais, quer sociais, quer estilísticas;
* Propiciar o desenvolvimento das capacidades envolvidas nos usos da linguagem oral próprios das situações formais e/ou públicas.
Com base em tais pressupostos, sugere-se como alternativa singular o trabalho com gêneros orais, tais como a entrevista, o debate, o seminário, entre outros, nos quais a proposta do educador se esmere não apenas na avaliação do conteúdo em si próprio, mas valorize também os traços que demarcam a língua falada. Nesse sentido, cabe ressaltar a importância das marcas presentes na oralidade, como, por exemplo, as pausas, hesitações, truncamentos, a linguagem corporal, manifestada pelos gestos e expressões faciais, entre outros aspectos.
Mediante tais elucidações, constatamos que a valorização da língua falada muito tem a contribuir para o ensino de Língua Portuguesa no ambiente escolar. Dessa forma, o objetivo maior da proposta em evidência é o de refletir sobre as adequações concernentes à modalidade em questão, levando-se em conta alguns pontos fundamentais: quando falar, o que falar e como falar, tendo em vista as diversas situações em que fazemos uso desta.
Por Vânia Duarte
Graduada em Letras
Equipe Brasil Escola