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O uso de documentos em sala de aula pode ser uma alternativa muito eficaz na aproximação dos alunos aos conteúdos de natureza histórica. Ao contrário do que muitos professores temem, os documentos não se restringem à compreensão de profissionais de maior experiência e capacidade intelectual. Enquanto matéria de natureza crítica e formativa, a História deve ser exposta aos seus aprendizes como algo acessível, vivo e interessante.
Visando comprovar essa perspectiva, sugerimos uma atividade onde o professor tenha a oportunidade de expor ao aluno como o seu poder de interpretação pode servir para compreender o passado e, desse modo, também avaliar o presente. Para tanto, sugerimos a reprodução do documento abaixo para a turma, sem as especificações que revelam exatamente a época em que o mesmo fora produzido.
“Mas o número de gripados aumentou rapidamente nas semanas seguintes e outras medidas médico-governamentais foram tomadas na tentativa de minimizar a propagação epidêmica. Escolas, internatos, cinemas, teatros, e vários outros lugares e de reunião pública cerraram suas portas. As igrejas diminuíram drasticamente suas atividades. Práticas cotidianas, como beijos e abraços ou as compras nos mercados por mais de uma pessoa de uma mesma família, foram desaconselhadas (era necessário diminuir a quantidade de indivíduos circulando e assim o contato/contágio). A vida da cidade foi parando.”
Liane Maria Bertucci-Martins. Fragmentos do discurso científico na gripe espanhola (1918). Texto integrante dos Anais do XVII Encontro Regional de História – O lugar da História. ANPUH/SPUNICAMP. Campinas, 6 a 10 de setembro de 2004. Cd-rom.
Após realizar a leitura desse trecho, peça para que os alunos tentem descobrir em que época esse documento foi produzido e sobre qual tipo de gripe ele fala. Provavelmente, sendo uma experiência recente, podemos esperar que vários estudantes digam que esse texto faça referência ao surto de gripe suína que, no ano de 2009, atingiu várias pessoas e estabeleceu a mudança da rotina de muitos brasileiros.
Feita essa consideração pelos alunos, exponha para a turma que o documento em questão fala sobre um surto de gripe espanhola que atingiu o Brasil no ano de 1918. Ao oferecer essa nova informação, é provável que muitos alunos se surpreendam com a tamanha similaridade entre as transformações que o desenvolvimento da gripe espanhola causou no começo do século XX e a gripe suína no princípio do século XXI.
Por meio dessa questão, o professor pode organizar um trabalho onde a turma investigue o contexto em que cada uma dessas epidemias aconteceu. Valendo-se de informações históricas e biológicas, eles podem comparar as doenças e ver a diferença do tempo em que cada uma aconteceu. Sem dúvida, vários alunos notarão que a investigação do passado é algo bem maior que os limites da sala e do livro didático.
Por Rainer Sousa
Mestre em História
Equipe Brasil Escola