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A história das guerras está intimamente ligada aos desenvolvimentos tecnológicos e de mobilização social. Desde a Antiguidade aos dias atuais, com a guerra ao terror, por exemplo, há uma íntima relação entre a adoção de novos armamentos e táticas de guerras com as formas de se criar estímulos à mobilização da população para participarem dos conflitos.
Um dos marcos de transformação nesse sentido pode ser encontrado na Guerra Franco-Prussiana de 1870-1871. Considerado por muitos historiadores como a primeira guerra moderna, o conflito da década de 1870 levanta interessantes temas que podem ser debatidos com os alunos.
Um deles é sobre o desenvolvimento econômico aliado ao desenvolvimento bélico. No caso da Guerra Franco-Prussiana, o desenvolvimento industrial da Prússia em meados do século XIX levou a um desenvolvimento da indústria de armamentos, principalmente na produção de rifles e novos canhões para o forte exército prussiano que estava se formando. Nesse sentido, um ponto para o debate é o desenvolvimento econômico e o desenvolvimento bélico.
Essa primeira abordagem pode ser sucedida pela exposição dos motivos que levaram a Prússia a entrar em guerra com a França. Apesar de haver alguns episódios que levaram ao início do conflito, o motivo real estava relacionado à unificação alemã, entendida como necessária principalmente pelo Reino da Prússia. A guerra foi utilizada como motivo para estimular a formação de um sentimento de nacionalismo alemão, que resultaria na formação do Estado Nacional. Nacionalismo e Estado nacional foram umas das componentes políticas europeias do século XIX, que iriam ter como um de seus principais resultados a eclosão das duas guerras mundiais no século XX.
Esse nacionalismo serviu também para justificar a necessidade de formar os extensos exércitos que defenderiam os Estados. No caso prussiano, teve início a obrigatoriedade da prestação do serviço militar após os 20 anos de idade. Com essa medida, o exército prussiano passou a contar com cerca de um milhão de combatentes durante a Guerra Franco-Prussiana, enquanto a França foi para os campos de batalha com aproximadamente quatrocentos mil homens. Essa medida pode ser debatida como ações de coerção, que aliadas ao sentimento nacionalista, serviram de base de sustentação para os Estados em gestação naquele período.
O objetivo de levantar esses debates, além de apontar o momento histórico de mudanças relacionadas à organização militar, é também trazer à tona essas discussões para as situações do presente, em que os temas do militarismo e do nacionalismo ainda se fazem presentes. Um auxílio nessa tarefa pode ser encontrado no filme 1870, a Batalha de Sedan, produzido por Jan. N. Lorezen e Hannes Schuler, e que foi algumas vezes transmitido pelo TV Escola.
Por Tales Pinto
Graduado em História