A chegada de Colombo à América não resultou apenas na conquista territorial do novo continente. Representou uma ampla troca entre os vários locais do mundo através do deslocamento de plantas, animais e outros seres vivos, o que levou ao início de grandes transformações na humanidade. O historiador Alfred W. Crosby criou um termo para esse processo de troca, o Intercâmbio colombiano, através do qual afirma que a chegada de Cristóvão Colombo à América proporcionou uma intensa troca entre os diversos povos do planeta, criando, por exemplo, uma estabilidade alimentar na Europa, com o envio de tomates, batatas e milho ao Velho Continente, ao mesmo tempo em que dizimou uma grande parte dos habitantes das Américas com os vírus e bactérias trazidos da Europa.
Nesse sentido, é interessante o que apresenta Crosby e também o jornalista estadunidense Charles C. Mann, autor do livro 1493: Como o intercâmbio entre o novo e o velho mundo moldou os dias de hoje, sobre as consequências desse intercâmbio que se iniciou entre as diversas partes do mundo. Esses estudos possibilitam ao professor de história, juntamente ao professor de biologia, realizar uma pesquisa com seus alunos sobre a origem dos alimentos que eles consomem e das doenças que eles estão sujeitos a contraírem, realizando o percurso ao longo da história para chegarem até a casa e ao corpo dos alunos nos dias de hoje.
Após uma rápida pesquisa dos professores sobre os estudos dos referidos autores, é possível fazer o levantamento de um interessante conteúdo sobre as consequências das trocas mundiais iniciadas após o feito de Cristóvão Colombo. A ideia dos autores é que o envio por Colombo de batata, milho e batata-doce para a Europa criou uma estabilidade alimentar no continente, que sofreu durante os séculos anteriores com a falta de alimentos. A difusão do milho e da mandioca no Norte da África criou também neste continente uma possibilidade de melhoria alimentar, após a rápida difusão do cultivo dessas culturas. O próprio intenso crescimento populacional chinês teria sido decorrente do cultivo de batata, milho e batata-doce realizado com a rede de comércio construída após as grandes navegações marítimas.
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Por outro lado, o intercâmbio de micro-organismos e também de animais de grande porte introduziu entre os nativos americanos novas doenças e novas formas de organização social, em virtude da utilização de animais desconhecidos na América Pré-Colombiana. Estima-se que entre 50% e 90% das mortes de indígenas americanos tenham sido em decorrência dos vírus e bactérias trazidos pelos europeus. A varíola teria sido uma das principais doenças causadoras dessas mortes, tendo como consequência o maior processo de extermínio populacional que se teve notícia na história. Por outro lado, a introdução do cavalo entre os indígenas das planícies norte-americanas, por exemplo, levaram esses povos a adotar o nomadismo baseado na caça aos bisões, animais presentes nessa região geográfica, o que teria alterado profundamente seus modos de vida.
Após uma introdução ao assunto feita pelo professor, com o conteúdo decorrente da pesquisa acima referida, ele poderá pedir aos alunos que se dividam em pares e iniciem uma pesquisa no laboratório de informática da escola, procurando encontrar a origem dos alimentos que consomem cotidianamente, bem como a origem de uma série de doenças que existem em nosso dia a dia e de algumas que já foram erradicadas, como a varíola. O professor de biologia pode complementar esse trabalho com os alunos, apresentando e propondo uma pesquisa sobre a origem das espécies vegetais e animais que foram levadas por várias partes do mundo e também as que foram trazidas para cá. Isso também pode ser feito em relação às doenças e aos micro-organismos.
A materialização da pesquisa pode ser conseguida com a produção de painéis de cartolina, apresentado os resultados das pesquisas, ou mesmo a produção de algum material digital, caso a escola disponha dos recursos necessários a essa produção. O objetivo é mostrar que a globalização, tal como a conhecemos hoje, originou-se com as grandes navegações do século XV e XVI, fortalecendo o mercado mundial capitalista e o intercâmbio não apenas de mercadorias, como são classicamente concebidas, mas também de uma série de organismos vivos, o que resultou na transformação dos modos de vida da humanidade.
Por Tales Pinto
Graduado em História