Vivemos, na era atual do sistema capitalista, o contexto socioespacial que o sociólogo Manuel Castells denominou por sociedade da informação, em que a promoção das novas tecnologias permite a rápida disseminação de notícias e informes sobre acontecimentos, descobertas científicas, fenômenos naturais e outros. Nesse sentido, o professor de Geografia encontra novos e importantes desafios para relacionar com as suas aulas de forma eficiente, angariando a atenção dos seus alunos e promovendo um clima positivo de aprendizado.
Em tempos recentes, o acesso à informação vem se tornando gradativamente mais simples, em uma dinâmica que faz cair por terra a figura do professor como detentor do saber e do aluno como o ser desprovido do saber. A depender do tema e da curiosidade do aluno para obter respostas sobre as mais diversas dúvidas, ele pode ter tantas informações sobre um assunto qualquer quanto o professor.
Yves Lacoste, em seu livro escrito ainda na década de 1970, já alertava para essa questão. O geógrafo francês afirmava que
sem dúvida, no caso da geografia, a relação pedagógica veio a ser transformada, pois o mestre não tem mais, como outrora e como ainda acontece com outras disciplinas, o monopólio da informação. (…) Hoje, mestre e alunos recebem ao mesmo tempo, simultaneamente com as atualidades, uma massa de informações geográficas, caóticas. Geografia em pedaços, o ocasional, o espetacular, sem dúvida, mas geografia de qualquer forma ¹.
Nesse sentido, no âmbito da sociedade da informação e na construção do meio técnico-científico-informacional, conforme já apontava Milton Santos, o professor se vê inserido em um ambiente em que muitas informações e dados sobre os mais diversos processos e fenômenos são disseminados no espaço da sociedade. Por isso, mais do que oferecer conteúdos escolares para os seus alunos, o professor de Geografia tem a missão de auxiliá-los na absorção e na reflexão crítica de toda essa massa de informações que lhes chega todos os dias.
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Ainda segundo as observações de Lacoste, a obtenção de conhecimentos geográficos ocorre de maneira caótica, havendo um volume muito grande de informações não devidamente organizado. Isso, de certa forma, está no cerne da questão da diferença entre o conhecimento e a informação, pois o primeiro é a sistematização e ordenamento do segundo, de forma a ligar os diferentes aspectos da realidade crítica, equilibrada e contextualizadamente.
Nesse sentido, qual é o papel do professor de Geografia na era tecnológica?
O papel do professor de Geografia é de orientar esse acesso ao conhecimento, organizando os conteúdos e atuando mais como um facilitador do aprendizado do que o um fornecedor de conhecimento.
Para aplicar esse objetivo, o professor, além de ministrar as suas aulas, deve pedir para que os estudantes realizem frequentes pesquisas rápidas, guiando-os por meio de questionamentos que os levem à curiosidade e fornecendo palavras-chave para serem utilizadas em sites de busca. Além disso, o uso da internet e de tecnologias da informação em sala de aula – desde que de forma racional e sem excessos – também pode ser um importante trunfo para demonstrar a inserção dos conhecimentos geográficos no mundo cotidiano do estudante.
¹ Notas:
LACOSTE, Y. A Geografia: isso serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra. 18ª ed. Campinas, Papirus, 2010. p.91.
Por Me. Rodolfo Alves Pena