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O desafio dos mares

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A expansão marítima promoveu uma transformação drástica na visão de mundo do homem europeu.

Em nosso cotidiano, a rotina estabelece uma série de tarefas diárias que orientam todas nossas ações ao longo do dia. Algumas pessoas, ao planejarem seus afazeres, buscam um sentimento de segurança sobre como e quando trabalham, fazem suas refeições, se divertem e descansam. Por vezes, a inserção em uma nova rotina ou o imprevisto de se enfrentar uma situação inesperada, proporciona alguns dilemas e ansiedades não muito fáceis de serem resolvidas.

Mas, afinal de contas, o que tem a ver esse tipo de ilustração corriqueira com os conteúdos a serem contemplados em uma aula de História? Para responder essa questão, basta nos deslocarmos para os primeiros séculos do período moderno, onde diversos homens se lançaram ao mar com o objetivo de realizar comércio e descobrir novas terras a serem colonizadas. Colocando essa nova realidade em contraposição ao período medieval, temos a chance de contemplarmos interessantes questões.

Na passagem do período medieval para o moderno, o homem europeu se depara com uma visão de mundo nunca antes imaginada. Durante uma considerável parte de sua vigência, o mundo medieval inseriu vários homens na clausura de feudos, onde tinham uma série de obrigações a cumprir. Mais do que isso, o feudo limitava a própria concepção de realidade ao colocar esse mesmo homem, durante quase toda uma vida, limitado pelos arredores da propriedade de seu senhor.

Contudo, desde a Baixa Idade Média, essa configuração da Europa foi ganhando outros destinos na medida em que as invasões bárbaras perderam lugar e uma relativa estabilidade social e política abria novos caminhos para o mundo feudal. Ao chegarmos no século XV, observamos a configuração de uma nova possibilidade onde o homem poderia alcançar maiores distâncias com o uso de tecnologias que permitiam a realização de uma verdadeira “nova aventura” pelos mares.

Essa mudança de rotina, apesar de soar de certa forma empolgante para uma sala de aula, também causou uma série de incertezas e aflições que foram devidamente representadas por algumas das produções literárias concebidas durante as Grandes Navegações e a Expansão Marítimo-comercial. Não era fácil desbravar novos mundos, lidar com outras culturas e enfrentar as incertezas do mar sem que um pouco daquela segurança de traço medieval não viesse à tona.

Para que esse dilema fique visível para a turma, sugerimos que o professor exponha um provérbio popular e um poema que salientam bem essa questão:

“Mais vale estar na charneca com uma velha carroça do que no mar num navio novo” – provérbio holandês

“Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal?
Por te cruzarmos, quantas mães choraram, quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar para que fosses nosso, ó mar!”
– Fernando Pessoa

Trabalhando esses dois fragmentos, abre-se uma excelente possibilidade de se demonstrar como tais manifestações de dúvida e anseio eram representadas. Além disso, pode-se enriquecer o vocabulário dos alunos realizando pesquisa sobre os termos correntes naquela época. Por fim, salientando a origem de cada um dos textos, uma próxima aula pode ser preparada com objetivo de se compreender e comparar os processos de expansão marítima de países como Holanda e Portugal.

Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

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